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Para Aloysio Nunes, não é hora de PSDB fazer autocrítica pública

Chanceler é único sobrevivente tucano no governo Temer e critica colegas de partido que começaram a abandonar Alckmin

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Aloysio Nunes
1 de 1 Aloysio Nunes - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Único sobrevivente do PSDB no governo, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira passou um “pito” nos colegas de partido que começaram a abandonar o candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, e disse ficar “espantado” com o tom das cobranças de correligionários. A informação é do jornal O Estado de S.Paulo.

“Não é hora de fazer autocrítica nem de discutir rumos da campanha e do PSDB, muito menos em público”, afirmou o ministro das Relações Exteriores ao Estado. “Será que não estão vendo que uma coisa dessas joga água no moinho do PT? O que me espanta é que ninguém cobra que o Haddad faça autocrítica de nada”, emendou ele, em uma referência ao candidato petista ao Planalto, Fernando Haddad.

De acordo com a reportagem, o “fogo amigo” tomou conta do PSDB, nos últimos dias, e vários tucanos desfiaram um rosário de críticas à atuação de Alckmin – estagnado na quarta posição das últimas pesquisas eleitorais. Nessa toada, ainda conforme o texto, houve tucano que se aproximou do deputado Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a corrida ao Palácio do Planalto, estimulando traições nas fileiras de outros partidos aliados.

Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) chegou a dizer ao Estado, no mês passado, que o partido cometeu “erros memoráveis”. O principal deles, na avaliação de Tasso, foi a entrada no governo de Michel Temer, com a ocupação de quatro ministérios. “Foi a gota d’água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder”, afirmou ao veículo o senador, que em 2017 substituiu Aécio por alguns meses no comando do PSDB, após o colega virar alvo da Lava Jato.

À reportagem, Aloysio voltou a defender a sustentação do PSDB à gestão Temer, na esteira do impeachment de Dilma Rousseff (PT), e disse que o clima eleitoral – marcado por “tensão, injúrias e propostas sumárias” – não se presta a análises serenas. “Depois da eleição, quando baixar a poeira, o PSDB poderá fazer um balanço desapaixonado”, argumentou o chanceler. “Agora, temos de lutar até o último minuto para o Alckmin ir ao segundo turno.”

Apoio a Bolsonaro
O texto lembra que, semana passada, uma entrevista de Aloysio Nunes à BBC News Brasil – na sede das Nações Unidas, em Nova York (EUA) – provocou comentários de que ele estaria apoiando Bolsonaro. Na ocasião, ele declarou que o parlamentar “joga de acordo com as regras da democracia” e sua eventual eleição não traria “nenhum retrocesso” para as relações internacionais do Brasil.

“Eu apoiando Bolsonaro? Qual é o partido do Bolsonaro? Eu mesmo já disse que ele é um estado de espírito, não tem uma proposta política”, insistiu Aloysio ao Estadão, informando que a frase foi dita quando ele respondia a uma pergunta sobre reportagem de capa da revista britânica “The Economist”, segundo a qual o triunfo do candidato do PSL representaria uma “ameaça à democracia”.

Apesar da ressalva, o ministro repetiu que não haverá mudanças nas diretrizes do Itamaraty, seja qual for o vencedor das eleições: “A política externa segue determinados padrões há muitas décadas, com compromissos lastreados por interesses concretos, como, por exemplo, a relação comercial com a China. O Bolsonaro iria romper com a China? Obviamente que não. É fato que a ênfase de um aspecto ou outro dessa política varia, como é o caso agora da Venezuela, mas não creio que haja grandes reviravoltas.

O chanceler, que não revelou quem apoiará caso Geraldo Alckmin não chegar ao segundo turno, disse ainda existir um “antiamericanismo ginasiano do PT e um filoamericanismo (pró-americanismo) ingênuo do Bolsonaro, mas a política externa não será mudada pelos humores do presidente.” A declaração vai em direção oposta à campanha do presidenciável tucano no programa eleitoral, segundo a qual se Haddad ou Bolsonaro conquistarem o Palácio do Planalto, o Brasil correrá sério risco de se tornar “uma nova Venezuela”. O programa destaca que todas as turbulências ali começaram com a eleição de “um salvador da Pátria”, em referência a Hugo Chávez.

 

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