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O tamanho da infidelidade partidária de quem quer presidir o Congresso

Alvaro Dias e Major Olímpio aparecem no topo do ranking dos infiéis, com passagens por seis siglas diferentes ao longo da carreira

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
A Marcha Nacional em Defesa da Democracia e Contra o Golpe – Brasília – DF 31/03/2016
1 de 1 A Marcha Nacional em Defesa da Democracia e Contra o Golpe – Brasília – DF 31/03/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A infidelidade partidária é regra entre aqueles que, nesta sexta-feira (1º/2), disputam as presidências da Câmara e do Senado. Dos 15 congressistas que até a noite de quinta-feira (31/1) mantinham suas candidaturas no páreo*, apenas um jamais havia trocado de legenda desde o início de sua carreira política: o senador Esperidião Amin (PP-SC). Veja o levantamento completo aqui.

Os senadores Alvaro Dias (Podemos-PR) e Major Olímpio (PSL-SP) apareciam, por sua vez, no topo do ranking dos candidatos que acumulavam mais partidos em seus currículos. Cada um já passou por cinco siglas diferentes antes de aterrissar naquelas pelas quais foram eleitos em 2018 e tomam posse nesta sexta-feira.

Dias começou sua carreira política em 1968 no MDB e nele militou por duas décadas. Em 1991, deixou o partido e, desde então, passou pelo PST (que acabou se transformando no PP), migrou para o PSDB, PDT e PV, antes de chegar ao Podemos (ex-PTN).

Major Olímpio disputou sua primeira eleição para deputado federal em 2002, pelo PP. Em 2006, conseguiu se eleger deputado estadual pelo PV. Em 2010, migrou para o PDT e foi reeleito no estado de São Paulo. Em 2014, venceu a eleição para deputado federal pela mesma sigla e conseguiu uma proeza: nessa legislatura, mudou três vezes de partido. Primeiro, migrou para o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que, ao ser criado, em 2015, ficou publicamente conhecido como uma “ponte” para que deputados infiéis trocassem de partido. Em 2016, filiou-se ao Solidariedade e, em 2018, somou-se ao PSL.

Há na lista de candidatos a presidir Câmara e Senado nomes que são muito identificados com os partidos nos quais militam atualmente, mas que, na verdade, também já passaram por outras siglas por curtos períodos. É o caso do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ). O primeiro foi do PRN, atual PTC. O segundo, do PTB.

Ex-presidente do Senado, Calheiros começou a carreira política nos anos 1970, filiado ao MDB. Em 1989, foi assessor do então candidato à presidência Fernando Collor de Mello e, para isso, se filiou ao partido dele, o PRN. Depois da eleição, Renan chegou a ser líder da legenda de Collor na Câmara. Em 1990, eles romperam, e Calheiros voltou a seu partido de origem, o PMDB – hoje MDB.

Já Maia, atual presidente da Câmara, elegeu-se deputado federal pela primeira vez em 1998, no PFL (atual DEM), mas se filiou ao PTB no ano seguinte. Ele acompanhou seu pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, que rompeu com o partido após se desentender com seu sucessor. Em 2001, ele voltou ao PFL.

Quase fundadores
Três candidatos à presidência da Câmara e do Senado trocaram de partido uma única vez ao longo da carreira política e o fizeram quando seus partidos de hoje ainda engatinhavam. Não podem ser considerados fundadores, mas estariam bem próximos disso.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) começou sua carreira no PMDB, partido cuja dissidência deu origem ao PSDB, em 1988. Jereissati rompeu com o PMDB em 1989, quando era governador do Ceará, porque queria apoiar o tucano Mário Covas para a presidência da República. O PMDB tinha candidato: Ulysses Guimarães. Em 1990, o senador formalizou seu ingresso no PSDB, onde milita desde então.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) começou sua militância política no PT. Em 2005, ingressou no PSol – um ano depois da fundação da sigla. Elegeu-se deputado estadual pela primeira vez já pelo seu atual partido, em 2006.

Já Marcel van Hattem (Novo-RS) elegeu-se deputado estadual pela primeira vez em 2014, pelo PP. Em 2018, filiou-se ao atual partido, que obteve registro formal dois anos antes, e virou deputado federal.

Arena, PDS, PPR, PPB, PP
Amin é o único candidato que se manteve no mesmo partido desde o início de sua carreira. Porém, a história do PP de Amin é cheia de fusões, cisões e mudanças de nome.

Sua carreira política começou em 1969, como secretário de Educação e Cultura de Santa Catarina. Em 1970, filiou-se à Arena, partido de sustentação da ditadura militar. Em 1979, com o fim do bipartidarismo, a Arena foi refundada como PDS. Em 1985, o partido sofreu um racha, no qual parte da legenda fundou o PFL. O que sobrou do PDS, incluindo Amin, se fundiu ao PDC para formar o PPR em 1993. Dois anos depois, o PPR, por sua vez, se fundiu ao PP para formar o PPB. Enfim, em 2003, o PPB passou a usar o nome PP.

Com reportagem de Chico Marés

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