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Militância celebra chance e faz balanço de erros na campanha de Haddad

Mudanças na coordenação da campanha e no discurso radical podem ser esperados para o segundo turno

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Rafaela Felicciano/Metrópoles
1 de 1 Rafaela Felicciano/Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Às 19h02 deste do (7/10), quando a pesquisa de boca de urna do Ibope indicou que Fernando Haddad (PT) disputaria o segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL), houve uma explosão de alegria no hotel em São Paulo onde os apoiadores do petista se concentraram para acompanhar a apuração dos votos. Houve gritos, beijos e abraços. Muitos choraram.

Até aquele momento, o clima no QG do PT era de apreensão. Em conversas reservadas, dirigentes do partido já apontavam os erros cometidos na campanha. Diziam, por exemplo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso da Lava Jato, demorou muito para indicar Haddad. O discurso radical também foi criticado. Logo que a pesquisa saiu, tudo mudou. As conversas giraram então sobre mudanças na coordenação da campanha.

Antes de votar, no bairro de Indianópolis, Haddad tomou café da manhã com aliados no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, berço do PT e de Lula, seu padrinho político. Foi dali que, a exatos seis meses, Lula saiu para ser preso. Haddad evitou tecer ataques mais duros a Bolsonaro, amenizando o tom que havia adotado na última semana de campanha. “São dois projetos tão diferentes que vai ficar mais fácil para o cidadão votar no segundo turno”, comentou.

Cinturão Vermelho
No Grajaú, bairro que faz parte da região conhecida como “Cinturão Vermelho” pelo apoio histórico ao PT, poucos eleitores quiseram manifestar preferência por um candidato. “Estou votando de coração partido”, disse a técnica de enfermagem Adriana Borba, de 29 anos. Na família, todos são petistas – partido que ela sempre escolheu na urna. Desta vez, porém, optou por Bolsonaro. “Não concordo com ele, nem com nenhum candidato, mas parece ser a única chance de mudar.”

Eleitora histórica do PT, a vendedora Amanda Macedo, de 37 anos, também votou no presidenciável do PSL, mas sem grande convicção. “Ninguém quer mais saber do PT, por causa da corrupção e das crises”, afirmou Amanda, que está desempregada há três anos. “Bolsonaro, pelo que ele fala, faz parecer um ‘doido’, mas acho que pode simbolizar uma mudança de verdade.”

Em Parelheiros, outro bairro do “Cinturão Vermelho”, a vendedora Maria Ramos, de 32 anos, votou em Haddad. “Moro aqui desde criança. A região melhorou muito com o PT”, disse. Mas, para governador, ela não seguiu a chapa: foi de Paulo Skaf (MDB). “Essa eleição está parecendo jogo de Corinthians contra Palmeiras, com as pessoas escolhendo o candidato que odeiam menos”, resumiu o funcionário público Claudinei Dias, de 53 anos, que foi de PT.

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