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Marun afirma estar “decidido” a apresentar impeachment de Barroso

Ministro da Secretaria de Governo deve se licenciar do cargo para apresentar pessoalmente no Congresso representação contra ministro do STF

atualizado

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1 de 1 Marun1-840×577-1 - Foto: RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, reiterou nesta quinta-feira (15/3) que está decidido a se licenciar do cargo para apresentar um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e acusou o ministro de estar abusando de sua autoridade e evidenciando uma posição político-partidária. “Eu estou sim decidido a apresentar um processo de impeachment que será julgado pelo Senado”, afirmou.

Marun destacou que está tendo auxílio de juristas para elaborar a representação e disse que a Constituição prevê que compete ao Senado processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal nos crimes de responsabilidade. “Eu não estou inventando”, disse. O ministro leu artigos da lei do impeachment e destacou que ela descreve como crime de responsabilidade de ministros do STF exercer atividade político-partidária.

“Eu entendo que os dois pesos e duas medidas adotadas em suas decisões pelo senhor ministro Barroso revela que suas preferências político-partidárias começam a interferir no teor de suas decisões e isso é incompatível e constitui crime de responsabilidade”, disse, em referência aos indultos natalinos da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer.

Segundo o ministro, a ideia é apresentar o pedido na próxima reunião do Congresso Nacional, que ainda não tem data marcada. Marun assegurou que ainda não conversou com o presidente sobre o assunto e que não iria trabalhar “com a hipótese” de Temer pedir para ele desistir da ideia. “Eu assumo pessoalmente a responsabilidade dessa decisão”, declarou.

“Vou levar ao presidente meu pedido de licenciamento no momento que se aproximar a sessão do Congresso”, completou, destacando que a decisão de ele retornar ao governo caberá somente ao presidente.

Marun rechaçou a possibilidade de outro parlamentar apresentar o pedido no seu lugar e disse que não perderia esse “momento histórico”. “Acha que eu vou trabalhar nisso para passar para outro? Isso é um momento histórico. No momento que o Congresso diz chega ‘não adianta a gente fazer lei se juiz acha que não precisa obedecer a lei'” disse. “É um momento de recolocação de rumo”.

O ministro falou que sabe que a atitude é inédita, mas no tom debochado que lhe é característico disse que ele é difícil de engolir. “Já inventaram cerveja que não dá barriga, doce que não engorda, o refrigerante que não engorda e estão querendo inventar o homem diet, o bonzinho, acoelhado. Eu não sou. Eu sou difícil de engolir, eu não sou diet”, disse.

O ministro afirmou que nos dois últimos dias consultou uma série de opiniões e que se convenceu que Barroso está “abusando de sua autoridade e sendo parcial nas suas últimas decisões”. Marun disse que tem responsabilidade pelos seus atos e assumia pessoalmente a responsabilidade da decisão. “O responsável por essa atitude tem nome e sobrenome e é maior de idade: Carlos Eduardo Marun, 57 anos”.

Clonagem
Marun confirmou que teve o seu celular clonado ontem, disse que não foi a primeira vez que isso aconteceu com ele e afirmou que o “clonador” deve estar recebendo “muita mensagem de apoio” à sua decisão de pedir o impeachment de Barroso. Marun também afirmou que teve até “dor nas costas” de tantos cumprimentos que recebeu por sua decisão. “Ontem eu tive que comprar um tubo de Gelol para passar nas costas de tanto cumprimento que recebi”, disse, afirmando que recebeu até “telegrama”.

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