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Governo prepara decreto para conceder indulto “humanitário”a presos

Texto em gestação no Ministério da Justiça não deverá permitir que condenados por crimes violentos e por corrupção recebam o benefício

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Brasília(DF), 04/09/2018
1 de 1 Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Brasília(DF), 04/09/2018 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O governo trabalha na elaboração de um decreto para prever perdão de pena de condenados com doenças graves ou terminais. Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter dito antes de assumir que não concederia o chamado indulto presidencial, a ideia é dar um viés “humanitário” à medida.

O Estado apurou que a equipe do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, está com a missão de formatar o texto e definir não só os critérios para a concessão como também os casos em que deve haver restrição. O texto, em gestação no Ministério da Justiça e Segurança Pública, não deverá permitir que condenados por crimes violentos e por corrupção recebam o benefício, que representa um perdão da pena.

A proposta ainda passará pela análise da Casa Civil e também do próprio Bolsonaro, que, no fim de novembro, disse que não concederia indulto quando estivesse no poder.

“Fui escolhido presidente do Brasil para atender aos anseios do povo brasileiro. Pegar pesado na questão da violência e criminalidade foi um dos nossos principais compromissos de campanha. Garanto a vocês, se houver indulto para criminosos neste ano, certamente será o último”, assinalou o mandatário do país em uma rede social.

Na véspera dessa declaração, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos (6) para restabelecer o decreto de indulto de 2017 editado pelo presidente Michel Temer – considerado “excessivamente generoso” pelo ministro Sérgio Moro. Um pedido de vista manteve, no entanto, a vigência da decisão liminar do ministro Luís Roberto Barroso, que endureceu as regras de Temer e impediu, por exemplo, a extensão do benefício a condenados por corrupção e ou por quaisquer crimes cuja pena seja superior a 8 anos.

Em fala posterior, Bolsonaro anotou: “Já que o indulto é um decreto presidencial, a minha caneta continuará com a mesma quantidade de tinta até o final do mandato em 2022. Sem indulto”.

Uma fonte próxima ao presidente disse ao Estado que, apesar das declarações feitas pelo chefe do Executivo nacional sobre o indulto, Jair Bolsonaro tem sensibilidade para ouvir e voltar atrás após anunciar decisões.

O governo Michel Temer levou algumas semanas discutindo se editaria um novo decreto de indulto depois das críticas recebidas no ano de 2017, até desistir da ideia, às vésperas do fim do mandato.

Quando Moro comentou a respeito do tema do indulto, no fim de novembro, ainda no período da transição entre governos, disse esperar que, se fosse editado novo decreto, que tivesse um perfil diferente daquele de 2017. “Esse será o último indulto com tão ampla generosidade”, pontuou. Segundo o Estado apurou, o ex-juiz federal nunca foi contra o indulto, apenas defende regras mais rígidas.

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