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General Heleno diz que Bolsonaro é “alvo compensador” para atentados

Ministro do GSI avalia que a segurança presidencial tem um nível “muito alto”, mas é imperfeita: “Não dá para dizer que é 100%”

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
General Augusto Heleno cpi - Metrópoles
1 de 1 General Augusto Heleno cpi - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em aparições públicas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está sempre cercado por agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) altamente capacitados, mas sua segurança não está “100%” garantida. Quem diz isso é o general Augusto Heleno, ministro do GSI, responsável pela segurança do presidente, do vice-presidente e de seus familiares. Para o general, Bolsonaro se tornou um “alvo altamente compensador” para atentados contra a vida devido ao seu significado político.

“As coisas são tratadas de acordo com cada oportunidade, cada ocasião, cada evento. É um atividade altamente dinâmica. Nós não podemos assinar embaixo, dizer que a segurança é 100%. A segurança é de responsabilidade minha e eu não assino um papel desse”, afirmou, na manhã desta quinta-feira (26/09/2019).

O ministro acompanhou jornalistas durante uma demonstração da equipe de segurança com uso de simuladores de carros do comboio presidencial, treinamentos com tiros e simulações de defesa e fuga. O próprio presidente da República assistiu a essa mesma apresentação, em fevereiro deste ano.

Heleno disse que, na história política recente, Bolsonaro é um alvo mais visado do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O próprio ministro, que abdica de ferramentas de segurança, não se enxerga da mira desse tipo de risco.

“Se me matarem, eu vou morrer, ser enterrado e acabou. Ele não. Se matarem ele, muda toda a política do país. O Lula, por exemplo, não era um alvo tão compensador porque ele tinha por trás uma legião do PT”, afirmou.

De acordo com o chefe do GSI, a segurança não tem um protocolo mais rigoroso porque Bolsonaro sofreu o atentado à faca em Juiz de Fora (MG), em setembro de 2018, durante a campanha eleitoral. O episódio, no entanto, serviu para que se compreendesse sua importância política.

“Passou a ser um divisor de águas para muitos que não tinham percebido que o presidente Jair Bolsonaro é um alvo altamente compensador. Se aquele atentado tivesse sido bem-sucedido, nós teríamos uma mudança radical na política brasileira. Ele continua sendo um alvo compensador. A nossa segurança não mudou por causa disso, mas há consciência plena do que ele significa como alvo”, relatou o general.

Um dos momentos de preocupação para o ministro foi a cerimônia de 7 de setembro deste ano, na Esplanada dos Ministérios. Além de quebrar o protocolo e caminhar pelo asfalto cumprimentando a população nas arquibancadas, Bolsonaro seguiu de carro, ao fim da cerimônia, com praticamente todo o corpo exposto.

“Pode ter sido uma preocupação boba, mas quando eu vi que ele ia passar embaixo dos dois viadutos da rodoviária, eu fiquei preocupado. Tinha uma multidão de gente. Ali, não precisa ter pontaria, não precisa nada”, contou Heleno.

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