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Em protesto, nova edição da Crusoé tarja nomes de Toffoli e Moraes

A capa da publicação também está toda preta e sem chamadas. Reportagem da última edição foi censurada por ministros do STF

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Imagem colorida de Alexandre de Moraes e Dias Toffoli - Metrópoles
1 de 1 Imagem colorida de Alexandre de Moraes e Dias Toffoli - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em sinal de protesto contra a censura imposta pelos ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), a nova edição da revista Crusoé tarjou de preto todas as menções feitas aos dois nas reportagens.

A opção gráfica remete aos documentos censurados que, quando buscam esconder a identidade de alguém ou detalhes sobre uma situação, tarjam de preto as menções. A capa da revista, igualmente, foi produzida em protesto à iniciativa da corte: sem chamadas para as reportagens, ela está toda preta (veja abaixo).

Na última segunda-feira (19/04/19), Moraes determinou a retirada do ar de reportagem da revista intitulada “O amigo do amigo do meu pai”, suposto apelido de Toffoli dentro do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, que era usado para pagar propinas a agentes públicos.

Na sexta-feira (18/04/19), após pressão de todos os poderes e inclusive de outros ministros do Supremo, Alexandre de Moraes derrubou a censura. A reportagem citava um documento que fazia parte dos inquéritos da operação Lava-Jato, na qual Marcelo Odebrecht, um dos herdeiros da construtora, afirma que o apelido era, de fato, de Toffoli.

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Segundo a decisão de Moraes, o documento ao qual se refere a matéria só foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR) na tarde da última sexta-feira (12/04/19), depois da publicação da revista, feita um dia antes.

Alexandre de Moraes afirma que os jornalistas que escreveram o texto anteciparam a ação do Ministério Público Federal do Paraná ou induziram sua conduta em relação ao documento, que, de acordo com o ministro, era sigiloso.

No entanto, o ministro pontua que, como foi comprovada a existência do conteúdo divulgado, a determinação de retirada da matéria do ar não seria mais necessária.

“Diante do exposto, revogo a decisão anterior que determinou ao site O Antagonista e à revista Crusoé a retirada da matéria intitulada ‘O amigo do amigo de meu pai’ dos respectivos ambientes virtuais”, escreveu o magistrado na sua decisão.

O ministro reiterou que o objetivo do inquérito em curso no STF é investigar notícias falsas e ofensas à Corte, inclusive com a apuração do vazamento de informações e documentos sigilosos.

“Os atos investigados são práticas de condutas criminosas, que desvirtuando a liberdade de expressão, pretendem utilizá-la como verdadeiro escudo protetivo para a consumação de atividades ilícitas contra os membros da Corte e a própria estabilidade institucional do Supremo Tribunal Federal. Repudia-se, portanto, as infundadas alegações de que se pretende restringir a liberdade de expressão e o sagrado direito de crítica, essencial à democracia e ao fortalecimento institucional brasileiro”, afirmou.

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