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Bumlai diz que ‘encaminhava’ demandas ao Instituto Lula

Receita Federal investiga contabilidade dos últimos cinco anos da entidade do ex-presidente

atualizado

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Antonio Cruz/Agência Brasil
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1 de 1 AC_Lula_Congresso_Nacional_Juventude_20112015_005 - Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O empresário e pecuarista José Carlos Bumlai afirmou em seu terceiro interrogatório à Polícia Federal que repassava demandas a Clara Ant, do Instituto Lula. Segundo o amigo do ex-presidente Lula, muitas pessoas solicitavam a ele que fizesse contato junto à entidade, uma vez que encaminhavam demandas via e-mail ao Instituto e não tinham resposta.

O terceiro interrogatório de Bumlai ocorreu na segunda-feira (21/12). Segundo o site do Instituto, Clara Ant integra a diretoria do Instituto Lula. Ela foi assessora especial de Lula nos dois mandatos do petista na Presidência da República (2003/2010).

“Esclarece que muitas pessoas encaminhavam demandas via e-mail ao Instituto Lula e que, ante a ausência de respostas, solicitavam ao reinterrogando, na medida do possível, que fizesse contato junto ao Instituto para viabilizar ao menos a apreciação dos pedidos”, declarou.

“Nestes casos, o reinterrogando procurava Clara Ant, diretora do Instituto Lula, e repassava os pedidos. Então, eles eram apreciados; que perguntado se exercia funções de “secretário” de Luiz Inácio Lula da Silva disse que não, apenas repassava demandas a Clara Ant.”

A Polícia Federal perguntou a Bumlai qual era a forma de comunicação que ele mantinha com Lula. “Disse que entrava em contato através do número de sua esposa; que pelo que o reinterrogando sabe, Luiz Inácio Lula da Silva nunca possuiu um número de celular próprio; que durante os anos de 2014 e 2015, não repassou qualquer demanda deste tipo, isto é, de interessados em solicitarem reuniões, palestras e outros pleitos a Luiz Inácio Lula da Silva.”

Prisão
Bumlai está preso desde 24 de novembro quando foi deflagrada a Operação Passe Livre, desdobramento da Lava Jato que investiga empréstimo de R$ 12 milhões contraído por ele em outubro de 2004 junto ao Banco Schahin – o real destinatário do dinheiro seria o PT, segundo confessou o pecuarista. O amigo de Lula e outros 10 investigados são acusados de participar de um esquema de propinas na contratação da Schahin Engenharia, em 2009, como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000, envolvendo o empréstimo de R$ 12 milhões.

“Indagado se confirma que nunca conversou com o ex-presidente sobre o problema que enfrentava com a Schahin, disse que nunca conversou sobre este tema com ele; que indagado se mantém sua última afirmação, uma vez que lhe foi demandado que dissesse se tem certeza sobre o fato de que nunca tratou de seu empréstimo com Lula, disse que acredita e que tem quase certeza de que nunca tratou deste tema com o ex-Presidente”, afirmou.

Durante o depoimento, Bumlai foi questionado novamente se confirmava que nunca havia tratado de assuntos comerciais e políticos com o ex-presidente. “Gostaria de esclarecer que não possui relações comerciais com Lula.”

De acordo com o criminalista Arnaldo Malheiros Filho, defensor de Bumlai, “há um grande empenho das autoridades em pressionar Bumlai para que, de alguma maneira, envolva Lula na apuração da Lava Jato”. O defensor afirma ainda que é inegável e notória a amizade entre ambos.

“O que não existe é intermediação criminosa daquele junto a este para a realização de negócios ou patrocínio de negócios privados de terceiros. A única vez em que Bumlai teve interesse em apresentar alguém a Lula – sem que isso configure crime algum – foi em razão de um pedido já formulado pelo embaixador do Catar, num momento em que ele fez uma tentativa de fechar um negócio naquele país, sem obter êxito.”

Receita Federal
A Receita Federal requisitou do Instituto Lula cópias da documentação contábil referente aos últimos cinco anos, ou seja, desde que a entidade foi criada. Segundo o instituto, trata-se de uma “fiscalização normal”. Ao jornal O Estado de S.Paulo presidente da entidade, Paulo Okamotto, comparou o caso ao de um contribuinte que cai na malha fina da Receita.

“Como qualquer pessoa jurídica constituída no País, o Instituto Lula está prestando informações solicitadas pela Receita Federal, de acordo com um termo que não menciona qualquer processo judicial ou investigação em curso, diferentemente do que foi noticiado. O Instituto Lula cumprirá todas as demandas da Receita Federal no prazo acordado e lamenta que, mais uma vez, procedimentos protegidos por sigilo constitucional tenham sido vazados ilegalmente”, diz nota enviada pela assessoria de imprensa do instituto nesta terça-feira (23).

Segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, a Receita investiga doações de empresas envolvidas na Operação Lava Jato à entidade comandada pelo ex-presidente. Okamotto disse desconhecer o vínculo. “Que eu saiba não tem nada a ver com a Lava Jato. Não tem nenhum pedido específico. É igual cair na malha fina da Receita, como milhões de brasileiros caem todo ano”, disse Paulo Okamotto.

A notificação para apresentação dos documentos partiu da Delegacia Especial de Maiores Contribuintes, localizada no Rio de Janeiro. Okamotto foi ao encontro de representantes da Receita duas vezes. A primeira para tentar entender do que se tratava a notificação. A segunda para pedir mais prazo. Inicialmente a Receita solicitou que os papéis fossem entregues até o final deste ano. Diante do pedido, a Receita deu prazo de mais 20 dias para o instituto.

Segundo Okamotto, a ação não se estende à LILS Palestras e Eventos, empresa aberta por Lula depois de deixar a presidência, em 2011.

A Superintendência da Receita Federal na 7ª Região, com sede no Rio de Janeiro, informou que, “em razão do sigilo fiscal”, não faria comentários a respeito das investigações sobre a movimentação financeira do Instituto Lula.

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