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Brasil reconhece senadora que se proclamou presidente da Bolívia

Chanceler Ernesto Araújo disse à Folha de S.Paulo que “a Constituição boliviana está sendo seguida” e que Jeanine Áñez tem legitimidade

atualizado

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Raylson Ribeiro/MRE
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1 de 1 Ernesto-Araújo2 - Foto: Raylson Ribeiro/MRE

O Brasil reconheceu a autoproclamação da segunda vice-presidente do Senado boliviano, Jeanine Áñez, como presidente do país andino. O reconhecimento foi confirmado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

“Foi declarada vaga a presidência, e ela [Añez] assumiu a presidência do Senado, que também estava vaga. E assume constitucionalmente a presidência. Então essa é a nossa percepção, de que a Constituição boliviana está sendo seguida”, afirmou o chanceler. “Interinamente, claro, acho que é importante o compromisso de convocar eleições”, complementou Araújo.

Añez se declarou presidente da Bolívia nesta terça-feira (12/11/2019), durante uma sessão do Senado para discutir a sucessão de Evo Morales, que renunciou. Na ocasião, não houve discussão porque não teve quórum para decidir a situação.

Ainda assim, a parlamentar, que é a autoridade mais alta da mesa diretora da Casa a não ter renunciado, se declarou presidente interina. “Assumo de imediato a presidência e me comprometo a assumir todas as medidas necessárias para pacificar o país”, disse a senadora.

Jeanine Áñez se declarou presidente depois que, além de Evo Morales e seu vice, Álvaro García Linera, a presidente do Senado, Adriana Salvatierra, e o presidente da Câmara dos Deputados, Victor Borda, que seriam os próximos na linha de sucessão a Morales, também renunciaram, assim como o vice-presidente do Senado, Rubén Medinacelli.

Entenda
Evo Morales renunciou à Presidência da Bolívia no domingo (10/11/2019), sob violentos protestos após um relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontar que houve fraude nas eleições gerais realizadas em 20 de outubro.

Na ocasião, Evo Morales foi eleito em primeiro turno para um quarto mandato, mas denúncias de fraudes na votação aumentaram a tensão no país, além de constantes protestos violentos. Devido a essa situação, o presidente perdeu o apoio dos militares, que pediram a saída dele do cargo.

O ex-presidente estava no comando da Bolívia desde 2006. Ao visar às eleições deste ano, sua candidatura foi contestada. O argumento da oposição era de que a falta de limite de mandatos viola a garantia constitucional de que qualquer cidadão tem o direito de se candidatar.

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