O presidente Jair Bolsonaro deu indicativos, nesta terça-feira (08/10/2019), de que não vai assinar o diploma que será concedido ao compositor Chico Buarque pelo Prêmio Camões, maior honraria literária da língua portuguesa. Questionado sobre o que faria a respeito do documento, o (ainda) pesselista demonstrou não ter pressa em cumprir o rito.
“É segredo. Chico Buarque? Eu tenho prazo? Até 31 de dezembro de 2026 eu assino”, disse o presidente, na frente do Palácio da Alvorada – aparentemente dando como certa reeleição a um segundo mandato em 2022. A cerimônia de entrega do diploma está prevista para abril de 2020.
O prêmio de 100 mil euros – aproximadamente R$ 447 mil – é dividido entre Brasil e Portugal. Embora o governo brasileiro tenha depositado a parcela da premiação que lhe cabe, a condecoração depende da assinatura do presidente.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, a questão tem criado tensões no governo. A ala moderada estaria desconfortável com a situação: tendo em vista que o pagamento já foi feito, a assinatura do documento é um mero protocolo, que, se não cumprido, pode gerar mal-estar com o governo português.
A parcela mais ideológica do governo, por sua vez, vê a atitude como benéfica para a imagem de Bolsonaro: ao se recusar a liberar verba pública para pautas “não prioritárias”, ele se firmaria como um presidente contra o establishment.