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Bloco de oposição capitaneado pelo PT sofre ameaça de dissidências

Logo após a escolha de cargos nas comissões na Câmara, o grupo composto por petistas, PSB, PSol e Rede deve ser desfeito

atualizado

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Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados
1 de 1 Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados - Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados

O bloco de oposição entre PT, PSB, PSol e Rede, formalizado para a eleição da Mesa Diretora da Câmara e que reuniu 97 deputados, tende a se dissolver após a escolha das presidências das comissões permanentes na Câmara dos Deputados. Todas as legendas se reunirão nesta semana para avaliar a conveniência de permanecerem juntas, de maneira formal, durante os trabalhos legislativos.

A junção no primeiro dia de trabalho da Casa, nessa segunda-feira (4/2) serviu para garantir dois lugares de suplentes na Mesa Diretora que comandará a Câmara nos próximos dois anos. Na conta, o PT indicou o deputado Rafael Mota (PSB-RN) como 1º suplente da 4ª Secretaria e Assis Carvalho (PT-PI) para a 4ª suplência do mesmo órgão.

Agora, as siglas pretendem conseguir pelo menos cinco presidências de comissões. Passada a escolha, a tendência é de que o grupo não atue mais como bloco parlamentar.

O assunto será um dos pontos de discussão nesta terça (5) em reunião da bancada do PSol. O líder do partido, Ivan Valente (SP, foto em destaque), disse ao Metrópoles que o encontro servirá para fazer um balanço do processo de eleição da Câmara, que reconduziu Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo de presidente, e também avaliar a conveniência da continuidade do bloco.

Ele, como os outros deputados das demais legendas, avalia que pode não ser bom para as siglas terem apenas um espaço de fala em plenário, que seria, no caso, a comunicação do líder do bloco. Separados, todos os líderes teriam espaço garantido para o encaminhamento de votações.

“Vamos avaliar isso em reunião da bancada. Já há um encaminhamento de que não é conveniente manter o bloco formalizado ao longo dos trabalhos. Mas isso vamos ainda conversar internamente”, disse Ivan Valente.

Rodízio
Para Valente, outra questão importante a ser discutida entre os partidos é a liderança da Minoria. Dissolvido o bloco, o PT fica com a prerrogativa de indicar o líder da Minoria, por ser a maior bancada de oposição ao governo.

Neste caso, o PSol espera do PT que o partido continue garantindo às legendas do bloco o rodízio combinado antes da eleição da presidência da Câmara. Ou seja, o PSol quer que o PT mantenha o compromisso de indicar líderes dos outros partidos a cada seis meses.

A bancada do PT também deve se reunir nesta terça com a mesma finalidade. “Passada a etapa de garantir lugares na Mesa e escolha de comissões, vamos discutir sobre a viabilidade do bloco”, disse o vice-líder do PT, deputado Enio Verri (PT-PR).

Desgaste em plenário
Verri comentou o desgaste que houve em plenário envolvendo a relação com o PCdoB. O líder do PCdoB, Orlando Silva (SP), no início da sessão, chegou a retrucar uma questão de ordem levantada pelo PSol e pelo PSB, na disputa pela liderança da Minoria, dizendo que o PT usava os dois partidos, como sempre usou o PCdoB.

Para ele, os comunistas, tradicionais aliados, ficaram mais bravos porque não conseguiram atrair para o bloco deles o PSB. “Eles queriam que o PSB ficasse com eles e não foi isso que aconteceu”, destacou.

O deputado, no entanto, aposta que haverá uma reaproximação com os comunistas ao longo dos trabalhos, já que os temas a serem combatidos pela oposição serão os mesmos. “Ficou ruim, mas naturalmente, ao longo das discussões, isso tende a se dissipar. A reforma da Previdência e os absurdos deste governo nos unirão”, apostou Verri.

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