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Berzoini exagera ao falar de emprego e desemprego, aponta agência Lupa

Representando ex-presidente Lula, ex-ministro petista concedeu entrevista ao Metrópoles nesta quarta-feira (1º/8)

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Ricardo Berzoini
1 de 1 Ricardo Berzoini - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O ex-presidente do PT Ricardo Berzoini foi sabatinado nesta quarta-feira (1) pelo Metrópoles. Ele representou o pré-candidato do partido à Presidência da República, o ex-presidente Lula, que não pode comparecer por estar preso em Curitiba. A Lupa checou algumas declarações de Berzoini, confira:

“No último ano do primeiro mandato do governo Dilma, o desemprego era 4,6%. Hoje, está em 13%”

Os números citados por Berzoini estão próximos de números que existem, mas são originários de duas pesquisas com metodologias diferentes, e que não devem ser comparadas. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, em dezembro de 2014, a taxa de desemprego no Brasil estava em 4,3%. Essa pesquisa foi descontinuada em 2016, e, portanto, não há dados atuais.

Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnadc/M), publicada também pelo IBGE, mostra a taxa de desocupação em 12,4% no segundo trimestre de 2018. Nesta pesquisa, no último trimestre de 2014, os desocupados eram 6,5% da população economicamente ativa do Brasil.

Consultado pela Lupa, o IBGE disse que é inadequada a comparação entre os dois levantamentos. Segundo o instituto, a metodologia das pesquisas, incluindo o escopo e os questionários, são diferentes, e, portanto, os resultados não são comparáveis. Entre as diferenças, a PME era realizada somente em sete regiões metropolitanas específicas, enquanto a Pnadc/M abrange todo o país.

Procurado, Berzoini declarou que, se a PME não tivesse sido descontinuada, o número seria o mesmo, pois a diferença metodológica seria “irrelevante para períodos em que não há grandes oscilações”.

“[Foram] 20 milhões de empregos [criados nos governos do PT]”

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, de janeiro de 2003, quando Lula foi empossado, até abril de 2016, quando Dilma Rousseff sofreu o impeachment, o saldo positivo entre admissões e demissões foi de 14,1 milhões – quase 6 milhões a menos do que o número citado pelo ex-presidente do PT.

Considerada as gestões petistas, o saldo de empregos chegou a 16,1 milhões no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2014. Mas a partir de 2015, o número de demissões superou o de admissões. Assim, entre janeiro de 2015 e abril de 2016, o saldo foi negativo em 2 milhões de vagas. Veja o levantamento aqui.

Procurado, Berzoini disse ter baseado sua declaração em números da Relação Anual de Informações do Trabalho (RAIS), também do Ministério do Trabalho, citando matéria do site Rede Brasil Atual.

“Essa reforma [trabalhista] do Temer não gerou emprego, ao contrário, está gerando desemprego e precarização” 

A reforma trabalhista foi sancionada em 13 de julho do ano passado, mas entrou em vigor somente em 11 de novembro. Entre o quarto trimestre de 2017, quando a reforma foi sancionada, e o segundo trimestre de 2017, o número de desempregados cresceu de 12,3 milhões para 13 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Mensal (PnadC/M), do IBGE.

No entanto, o próprio instituto recomenda que, nesses casos, a comparação seja feita entre iguais períodos de anos diferentes, ou seja, apenas no quarto trimestre de 2018 será possível avaliar se o desemprego subiu ou caiu após a reforma.

Essa recomendação existe por conta da sazonalidade. O desemprego varia, usualmente, ao longo do ano – no início, tende a ser maior, e, no final, menor. Portanto, o mais recomendado é comparar os números de períodos equivalentes. Em 2017, antes da reforma entrar em vigor, eram 13,7 milhões de desempregados – portanto, 700 mil a mais do que no último trimestre.

Procurado, Berzoini declarou que “a minúscula queda do desemprego deve-se ao aumento do desalento (pessoas que desistem de procurar) e à geração de ocupações por conta própria, que não caracterizam emprego”. Ele ressaltou, ainda, aumento na informalidade e disse que isso seria reconhecido até por “analistas da grande mídia”.

“O PT, hoje, tem 20% da preferência do eleitorado”

Segundo a última pesquisa Datafolha, de junho de 2018, 19% dos eleitores declararam ter o PT como partido de preferência. PMDB e PSDB têm 3% da preferência dos consultados, enquanto PSOL, PDT e PV aparecem com 1%. Nenhum outro partido atingiu a marca de 1% da preferência dos eleitores. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

“Nós [o Distrito Federal] temos a renda per capita mais alta do brasil e uma das maiores desigualdades”

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, em 2017 a renda familiar mensal média do Distrito Federal era de R$ 2.548. Entre as unidades da federação, é a mais alta – em São Paulo, que tem a segunda maior renda, a média é de R$ 1.712.

Já a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), também do IBGE, mostra que o Distrito Federal tem um índice de Gini de 0,567. É o mais alto entre as unidades da federação e o terceiro mais alto entre as capitais, atrás somente de Recife (0,621) e Natal (0,581). A média brasileira é de 0,525. O índice de Gini é uma das métricas usadas no cálculo da desigualdade. Quanto mais alto ele for, mais desigual uma economia é.

Reportagem: Chico Marés. Edição: Natália Leal

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