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Análise: filhos de Bolsonaro fazem jogo duplo com fundo eleitoral

Eduardo e Flávio divergem sobre verba pública e, com isso, tentam agradar movimentos contra a corrupção e, também, políticos investigados

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Brasília (DF), 27/03/2018 Debate pacote anticrime do governo federal, com ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro Local: Senado Federal Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), 27/03/2018 Debate pacote anticrime do governo federal, com ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro Local: Senado Federal Foto: Hugo Barreto/Metrópoles - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Na votação dos vetos presidenciais sobre o Fundo Eleitoral, nessa quarta-feira (27/11/2019), a família Bolsonaro votou dividida. Em linguagem popular, colocou um pé em cada canoa.

A divergência entre os dois filhos do capitão ficou evidente na apreciação do dispositivo relacionado ao aumento do fundo. Nesse ponto, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) agiu em consonância com o Palácio do Planalto e votou pela manutenção do veto.

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) fez o oposto e se posicionou contra a posição do Palácio do Planalto. Com a derrubada do veto, o Legislativo poderá elevar de R$ 1,7 bilhão para R$ 2,5 bilhões o fundo destinado ao financiamento das eleições de 2020.

Ao contribuir para o possível aumento da verba, o senador contrariou mais uma vez os segmentos que apoiam o governo em nome do combate à corrupção e ao desperdício de dinheiro público. Em outra oportunidade, o “Zero 1” votou pela derrubada dos vetos do presidente em dispositivos da Lei de Abuso de Autoridade, defendida pelos integrantes da Operação Lava Jato.

O senador recusou-se, ainda, a assinar uma carta em favor das prisões de condenados em segunda instância. Também deixou de rubricar um documento que pedia a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Lava Toga, proposta para investigar a atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Embora esse comportamento confronte posições bolsonaristas, desde que chegou ao Senado, Flávio se aproximou da turma de políticos afetada por investigações de corrupção. Isso se explica, principalmente, pelas denúncias relacionadas a seu ex-funcionário Fabrício Queiroz na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A diferença dos votos do deputado e do senador tem mais uma razão. Ao se dividirem, os filhos do presidente tentam ficar bem com os defensores das investigações policiais e, ao mesmo tempo, agradar a turma enrolada com dinheiro público.

Em outras palavras, se fosse uma partida de dominó, a família Bolsonaro estaria jogando para ganhar nas duas pontas.

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