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Análise: faltou um tuíte de Trump em defesa do “amigo” Bolsonaro

Presidente dos EUA ficou em silêncio diante dos ataques que levaram o brasileiro a cancelar visita a Nova York para receber homenagem

atualizado

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Chris Kleponis-Pool/Getty Images
trump e bolsonaro
1 de 1 trump e bolsonaro - Foto: Chris Kleponis-Pool/Getty Images

O presidente Jair Bolsonaro ficou sozinho na primeira oportunidade em que precisou do colega norte-americano Donald Trump. Rejeitado pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e por diferentes setores dos Estados Unidos, o brasileiro desistiu de viajar ao país no dia 14 de maio para receber uma homenagem empresarial.

Diante do constrangimento sofrido por Bolsonaro, Trump permaneceu no mais profundo silêncio. Não se manifestou nem pelo Twitter, plataforma onde expõe suas opiniões com mais frequência.

Era de se esperar mais do homem tratado com certa intimidade pelo capitão. Pelo menos foi esse o tom empregado pelo presidente brasileiro, em março, durante a visita aos EUA.

Nas palavras do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho presente na reunião dos dois líderes, parecia encontro “entre velhos amigos”. Trocaram até camisetas das seleções de futebol (foto em destaque).

A vontade de estreitar as relações também ficou evidente em uma frase do pai na véspera do têti-a-têti na Casa Branca: “Estou aqui estendendo as minhas mãos e tenho certeza que o Trump fará o mesmo”.

Pelo menos no episódio da homenagem nos EUA, Jair Bolsonaro ficou com as mãos no ar, sem o aperto do homem que comanda a maior potência mundial. Vale ressaltar que Trump, republicano, não levantou a voz nem mesmo para rebater o democrata De Blasio, seu adversário na política local.

Os ataques do prefeito ao brasileiro começaram na segunda semana de abril. Em seguida, o Museu Americano de História Natural, de Nova York, anunciou que não sediaria mais a cerimônia que daria a Bolsonaro o título de “pessoa do ano”, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

Ativistas ligados a minorias reforçaram as críticas ao presidente do Brasil. Com tanta repercussão negativa, ele recuou e cancelou a viagem à América do Norte. Para reduzir o desgaste, Bolsonaro estuda a possibilidade de receber a homenagem em Dallas, no Texas.

Nas circunstâncias atuais, o comportamento de Trump provoca dúvidas mais relevantes do que as desfeitas sofridas por Bolsonaro. Na visita de março, o brasileiro se mostrou subserviente ao norte-americano, por exemplo, em relação à dispensa unilateral da exigência de vistos para turistas.

Entrada na OCDE
Bolsonaro também se revelou crédulo na sinalização de Trump de que apoiaria a entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em troca desse gesto, o governo brasileiro iniciaria um movimento de renúncia da posição de “emergente” na Organização Mundial do Comércio.

Nas semanas seguintes, no entanto, o beneplácito de Trump à pretensão de Bolsonaro não se comprovou. Pelo menos por enquanto, não há segurança da entrada do Brasil na OCDE.

Nada impede que o presidente dos Estados Unidos atenda no futuro às expetativas do brasileiro nesse caso. Trump também ainda pode se pronunciar, pelo Twitter ou por qualquer outro meio, em defesa do amigo repelido em Nova York.

Até agora, no entanto, o norte-americano se omitiu. Não é isso que se espera de um amigo.

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