Polícia cumpre mandados de busca no Cruzeiro e na casa de dirigentes
Operação investiga membros da diretoria do clube acusados de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro
atualizado
Compartilhar notícia
Dois dias antes de o Cruzeiro enfrentar o Atlético-MG no clássico válido pelo confronto de ida das quartas de final da Copa do Brasil, no Mineirão, a sede do clube, no bairro Barro Preto, em Belo Horizonte, foi palco de uma operação policial na manhã desta terça-feira (09/07/2019). A Polícia Civil de Minas Gerais cumpriu mandados de busca e apreensão no local e também nos centros de treinamento dos profissionais e das categorias de base do clube, a Toca da Raposa e Toquinha, e ainda nas residências do presidente, Wagner Pires de Sá, de Itair Machado, vice-presidente, e Sérgio Nonato, diretor-geral do Cruzeiro.
O cumprimento desses mandados é um novo passo da operação que investiga membros da diretoria do clube, acusados de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Chamada de Primeiro Tempo, a operação é realizada pela Divisão Especializada de Investigação a Fraudes da Polícia Civil de MG, que prometeu emitir um comunicado nesta terça-feira (09/07/2019) para esclarecer as diligências.
A investigação começou após uma reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, no final de maio, revelar denúncias de irregularidades na atual administração do Cruzeiro. Entre elas, estão a venda em 2018 de parte dos direitos econômicos de Estevão William, chamado de “Messinho”, à época com 11 anos, para pagar uma dívida de R$ 2 milhões com o empresário Cristiano Richard. A Lei Pelé e o Estatuto da Criança e do Adolescente proíbem menores que 12 anos possuam contratos empregatícios.
Para quitar o débito com Cristiano Richard, o Cruzeiro, segundo apurou um inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores profissionais, como Raniel e Murilo, ambos já vendidos pelo clube, além de Cacá, David e outros atletas que passaram pela base cruzeirense e acabaram sendo negociados, como por exemplo Gabriel Brazão e Vitinho.
A reportagem veiculada pela TV Globo em maio também apontou irregularidades em transações e valores superfaturados pagos pelo Cruzeiro para empresas prestadoras de serviço. A Polícia Civil já interrogou 15 pessoas que mantinham relações com o clube, entre elas, funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.
Para completar, a Polícia Civil investiga os aumentos expressivos dos valores nos salários de dirigentes, como Itair Machado e Sérgio Nonato, a contratação de conselheiros para prestação de serviços e pagamentos feitos a torcidas organizadas.
Em meio ao escândalo, o Cruzeiro viu sua dívida geral subir de R$ 384 milhões em 2017 para R$ 520 milhões em 2018 e ainda não teve o seu balanço financeiro do ano passado aprovado pelo Conselho Fiscal do clube.
CRUZEIRO DIZ APOIAR INVESTIGAÇÃO
Após a deflagração dos mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta terça-feira (09/07/2019), a diretoria do Cruzeiro divulgou uma nota oficial na qual disse vir a público para “manifestar seu apoio às apurações das denúncias feitas pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no dia 26 de maio passado”.
“O clube informa que entregou às autoridades toda a documentação solicitada para a investigação. Lamentamos apenas que este fato esteja acontecendo exatamente às vésperas de uma decisão importante na Copa do Brasil. O Cruzeiro Esporte Clube informa que continuará à disposição das autoridades competentes para quaisquer tipos de outros esclarecimentos necessários”, completa a nota.
Atual bicampeão da Copa do Brasil, com os títulos obtidos em 2017 e 2018, o Cruzeiro enfrenta o arquirrival Atlético-MG às 20h desta quinta-feira (11/07/2019), no Mineirão, no duelo de ida das quartas de final desta edição da competição. O confronto de volta do mata-mata será no próximo dia 17, no Estádio Independência, em Belo Horizonte.