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Apreensão de maconha pela PF explode 56% durante a pandemia do coronavírus

Relatório aponta que, nos quatro primeiros meses deste ano, foram 64,5 mil quilos apreendidos. A maior concentração foi em abril

atualizado

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Relatório da Polícia Federal (PF) aponta que cresceu 56,5% a apreensão de maconha pela corporação durante a pandemia do novo coronavírus. Entre janeiro e abril deste ano, foram 64,5 mil quilos, contra 41,2 mil no mesmo período no ano anterior — do volume apreendido em 2020, 62,8%, ou 40,5 mil, foram interceptados apenas em abril. Somam-se a estes números 29,5 mil mudas de maconha e 90,9 mil unidades da planta.

As informações constam em relatório elaborado pelo Serviço de Análise de Dados de Inteligência Policial da Polícia Federal (Sadip-PF) e disponibilizado via Lei de Acesso à Informação (LAI) à agência de dados Fiquem Sabendo.

Segundo a corporação, o documento foi feito “em razão das inúmeras e constantes demandas apresentadas à Coordenação-Geral de Polícia de Repressão a Drogas e Facções Criminosas (CGPRE)”.

Em abril, o aumento das apreensões de maconha foi impulsionado especialmente pelos números do Mato Grosso do Sul e no Paraná, onde foram tirados de circulação, respectivamente, 16,7 mil quilos e 17,2 mil quilos de maconha. Ambos os estados fazem fronteira com outros países, o que ajuda a explicar os volumes maiores.

Isolamento

No mês anterior, quando as medidas de isolamento social por causa do coronavírus começaram a valer de fato, foram apreendidos 8 mil quilos de maconha, distribuídos, principalmente, em Minas Gerais e São Paulo, além de Mato Grosso do Sul e Paraná.

O gerente do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, aponta dois fatores para o aumento registrado no período, um deles ligado diretamente à pandemia: com medidas de restrição da circulação e de transporte, reduz-se a quantidade de veículos em estradas — o que ajuda o trabalho policial.

“Um fator relacionado à dinâmica do tráfico é que a pandemia trouxe uma série de restrições de transporte, de voos, de ônibus; com cidades e estados fechando fronteiras, pessoas se deslocando menos. Isso deixa as estradas com menos veículos, o que facilita a fiscalização da polícia. Se a gente não estivesse na pandemia, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, teria que lidar com uma série de demandas, desde a fiscalização de veículos e motoristas alcoolizados até acidentes de trânsito, isso toma tempo”, avaliou.

O outro motivo apontado por Langeani é mais sistemático: fevereiro, março e abril são meses de colheita da Cannabis, consequentemente, é normal que o volume da droga entrando no país aumente. “É diferente, por exemplo, da cocaína, que geralmente entra no Brasil como pasta base e pode ficar armazenada sem grandes problemas”, explicou.

Apreensões volumosas

Na prática, a PF, até pelo efetivo menor, atua de maneira mais localizada no combate ao tráfico. Os números não consideram as apreensões feitas pelas policias civil e militar. O especialista pontua que em São Paulo, por exemplo, as forças estaduais fazem mais apreensões que as federais — e o Ministério da Segurança Pública não tem esses dados compilados e unificados de forma a permitir comparações.

De qualquer forma, ele sustenta que estas ações específicas são mais efetivas, do ponto de vista prático, porque resultam em apreensões mais volumosas. “Uma única carreta, sem disparar um único tiro, tirando muito mais droga de circulação, é importante sair do número e passar a olhar com uma lupa para ver o que é mais efetivo. A gente está falando não só de quantidade de droga, mas também chegar em quem efetivamente está ganhando dinheiro”, ressaltou Langeani.

Fora dos estados fronteiriços, há ainda uma questão logística que interfere no contexto do tráfico. Cidades que têm portos e aeroportos estruturados são usadas majoritariamente como rota para exportar droga para outros países. “Maconha que entra no território brasileiro é considerada de baixa qualidade e de baixo valor para a Europa. No caso de outras drogas, como a cocaína,  o Brasil é principalmente o local de trânsito”.

Nesses locais, ressalta a Polícia Federal, houve uma “diminuição drástica de apreensões de drogas decorrente da suspensão da imensa maioria dos voos e da maior fiscalização pelos mais diversos órgãos no momento do embarque de passageiros”. “Situação essa que deverá ser alterada tão logo sejam suspensas as restrições de locomoção e aglomeração impostas”, ressalva.

No relatório, a PF pontua que “a logística de transporte interno do Brasil, embora afetada também pelas restrições impostas, continua a ser realizada, sobretudo com os estoques de entorpecentes que já se encontravam à disposição das grandes organizações criminosas em território nacional antes mesmo do início da pandemia, sendo que esses carregamentos continuam, de fato, sendo remetidos para exportação”.

Outras drogas

Em relação a 2019, houve acréscimo de 10,45% na quantidade de cocaína apreendida no país desde 6 de fevereiro. As apreensões dizem respeito a drogas apreendidas pelo modal marítimo, que, segundo a PF, é o de maior amplitude em volume e em importância para o tráfico para comércio de drogas em mercados além da América do Sul, especialmente na Europa.

Também de acordo com a corporação, 60% de toda a cocaína apreendida em 2019, 106 toneladas, foram pela via marítima.

Foram, até agora, 29 mil quilos de cocaína, 127,8 quilos de metanfetamina e 64,8 mil de ecstasy.

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