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Antes de matar por engano, policial bebeu assistindo jogo do Brasil

Um jovem morreu e outro passou por cirurgia. A dona de uma loja, está internada após levar tiro de raspão

atualizado

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1 de 1 jovens - Foto: Reprodução

“Jorge, não atira, não é assalto”, alertou uma vítima ao agente da Polícia Civil do Amapá pouco antes dele confundir dois jovens com assaltantes e efetuar disparos, na última sexta-feira (6/7). Jorge Henrique Banha Picanço, 47 anos de idade, cometeu suicídio após o engano. Um jovem morreu e outro passou por cirurgia. A dona do estabelecimento, Maria da Conceição Cascaes, relatou à polícia neste sábado (7), que o agente teria ingerido ao menos 3,6 litros de bebida alcoólica e comprado 12 latas para levar para casa horas antes do ocorrido. Ela foi atingida de raspão.

O documento elaborado pelo delegado adjunto Armando Jacob Vargas Júnior e endereçado ao delegado-geral, Antônio Uberlandio Azevedo Gomes, foi obtido pela reportagem. Por meio de nota, o delegado-geral afirma que ‘são absolutamente inverídicas as versões que se propagaram nas redes sociais, umas pregando que o policial civil estava alcoolizado e em surto, disparando a esmo sua arma de fogo ou então que os dois jovens, ambos oriundos de famílias decentes e conhecidas da sociedade local, haviam chegado ao local e anunciado, ainda que de brincadeira, voz de “assalto” e muito menos que tenha havido troca de tiros entre os protagonistas’.

“Por derradeiro, os fatos serão apurados dentro do mais estrito rigor legal, compromisso que assume a Polícia Civil do estado do Amapá”, afirma a nota.

Segundo o relato da lojista, antes do ocorrido, por volta das 15h, Jorge Henrique Banha Picanço assistiu o jogo da seleção brasileira com a sua família, já que era uma ‘pessoa da casa’. Ele teria consumido seis garrafas de cerveja e comprado outras 12 para levar, quando saiu, às 17h. O estabelecimento fica na Rua Padre Manoel da Nóbrega, Bairro Jesus de Nazaré, no centro de Macapá.

Por volta das 19h15 da sexta, Maria disse estar na varanda da casa -acoplada ao bar-, quando a campainha tocou. Ronald Willian Souza de Oliveira, de 21 anos, e seu primo, Ricardo Brito de Oliveira, 22 anos, apareceram para comprar cerveja.

Como já conhecia ambos, ela diz ter aberto a grade para que entrassem. De acordo com o relatório preliminar da Polícia, ela teria ficado em frente ao freezer, segurando a porta aberta, enquanto os dois jovens, de frente para o eletrodoméstico, pegavam as cervejas as colocavam em uma grade que estava no chão.

Naquele momento, Jorge Banha teria retornado. Silenciosamente, se posicionou a um metro e meio dos dois rapazes, como relatou a dona da loja. Ela alegou tê-lo visto com ‘um semblante estranho’, mas não disse nada. Em ‘um átimo’, teriam começado os estampidos, confundidos pela dona da loja com ‘fogos de artifício’.

“Instalado o pânico, Maria da Conceição se levantou e um dos rapazes, a quem disse ter sido Ricardo, passou correndo, espremido por ela e uma pequena mesa, ao passo que Ronald, vindo logo atrás, também correndo, caiu, no entanto, antes da passagem que dava acesso ao local de lazer da família, ficando de bruços no chão, morto”, narra o delegado, em relatório.

Ela diz ter gritado: “Jorge, não atira, não é assalto!”. Sua cunhada, Nazira, também teria alertado o policial: “Para, para, não é assalto!”.

Atingido por três tiros, Ricardo também caiu e desfaleceu. Logo em seguida, Maria da Conceição diz ter ouvido outro tiro, desta vez, de Jorge, contra a própria cabeça.

Ricardo ainda estava vivo. Em pouco tempo, o lugar se encheu de pessoas. Além dos tiros que atingiram as vítimas, as balas também perfuraram o freezer do bar, de acordo com o delegado adjunto, em seu relatório.

“Em momento algum, quando questionei à senhora Maria da Conceição, o Agente de Polícia Jorge Banha verbalizou qualquer comando para os jovens fazer isto ou aquilo, partindo diretamente para os disparos dos quais, frise-se, um acertou também essa senhora que, medicada ontem, já havia recebido alta”, relata no documento.

A bala que atingiu a dona do bar atravessou seu corpo, mas não atingiu qualquer órgão, segundo disseram a ela os médicos que a atenderam. O relatório ressalta que ’em momento algum os jovens gritaram ou brincaram com Maria da Conceição dizendo que se tratava de um “assalto”‘.

 

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