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Poder e fé: partidos são mais unidos do que igrejas na Câmara

Série de reportagens do (M)Dados mostra a atuação dos deputados federais de acordo com a religião de cada um

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atualizado

Partidos políticos são mais unidos em votações na Câmara dos Deputados do que parlamentares de uma mesma religião. É o que mostra análise do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, nesta terceira reportagem da série Poder e Fé, que apurou a fé dos parlamentares a fim de identificar como ela influencia a atuação dos grupos religiosos no Congresso Nacional.

Para tanto, por quatro meses, a reportagem entrou em contato com cada gabinete para perguntar qual é a religião do deputado. Dos total de 513 parlamentares, 501 responderam o questionamento. Com base nesses informações, foi realizado um cruzamento com as votações realizadas em plenário.

De um modo geral, a análise provou que os congressistas de uma mesma legenda são mais coesos do que os pertencentes a uma mesma igreja. Mas nem sempre. Os deputados da Assembleia de Deus, denominação evangélica pentecostal, votam de forma unida mais vezes do que partidos importantes como MDB, DEM e PSB.

O (M)Dados usou a API da Câmara dos Deputados para descobrir como cada parlamentar votou em cada proposição. Com base nessas informações, foi calculado um índice de coesão para cada partido, frente parlamentar e grupo de uma mesma religião, chegando a um índice de coesão para cada um. Essa metodologia foi desenvolvida pelo estatístico Stuart Rice e aperfeiçoada pelo cientista político Scott Desposato. Ela leva em conta o tamanho do grupo e como ele votou em cada situação.

Quanto mais o índice estiver perto do número um, maior a coesão do grupo. O resultado igual a um significa que todos os parlamentares votaram da mesma maneira. No  gráfico acima, os pontos mais à direita (eixo x) mostram os agrupamentos mais coesos, e os que estão mais acima (eixo y) são aqueles com o maior número de deputados. Para a análise foram considerados só aqueles a partir de quatro integrantes.

Coesão

A análise mostra que o grupo mais unido em 2019 foi o partido Novo, com um índice de 0,92. Em seguida aparecem o PSOL (0,91) e o PT (0,83).  Completam a lista dos cinco principais o PCdoB (0,82) e o PSL (0,78).

A primeira da relação das associações mais coesas que não é uma legenda política é formada por deputados da Assembleia de Deus. São 33 parlamentares de 15 partidos e 18 estados diferentes. Eles apresentaram um índice de 0,71, superior ao de partidos como DEM, MDB e PSB – todos com  0,70.

Apesar dos participantes da Assembleia de Deus se posicionarem, em média, de forma mais parecida do que os de outras religiões, os da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) conseguiram a unanimidade mais vezes. Em 25 votações, todos os deputados dessa última voltaram da mesma maneira. Isso aconteceu 11 vezes com a Assembleia de Deus.

No entanto, é preciso considerar que os fiéis da IURD fazem parte de apenas um partido, o Republicanos, ao contrário dos congressistas de outras religiões, que estão espalhados em agremiações distintas.

A reportagem também calculou o índice para cada uma das 309 frentes parlamentares em atuação na Câmara dos Deputados. A variação entre elas é pequena, sendo que a frente mais coesa (Frente Parlamentar Mista em Defesa da Prisão em Segunda Instância) tem um índice de 0,7, enquanto a última da relação (Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia) alcançou 0,66.

O Metrópoles questionou a religião dos deputados federais com o compromisso de não identificar a fé de cada um. A informação serve apenas para alimentar a base de dados, que foi cruzada com os resultados de votações na Câmara e os discursos feitos pelos parlamentares, entre outros. Para isso, foi utilizada a linguagem de programação python tanto para obter os dados do parlamento através de sua API quanto para obter as informações e fazer as análises necessárias.

O resultado de todo esse trabalho poderá ser lido na série Poder e Fé, do (M)Dados, lançada no último domingo (12/01/2020). Esta é a terceira de uma sequência de cinco reportagens publicadas diariamente.

Além de apurar qual grupo é mais governista, o levantamento também buscou descobrir se a Câmara representa fielmente a população quando a questão é a religião, qual grupo é mais coeso nas votações, como os diferentes grupos religiosos se dividem nas frentes parlamentares e quais temas estão mais presentes em seus discursos.

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