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Pastor abusou, agrediu e matou filho e enteado no Espírito Santo

Laudos apontam que as crianças morreram carbonizadas, dentro do quarto onde dormiam

atualizado

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Rear View of a Seated Sad Young Boy Against Black
1 de 1 Rear View of a Seated Sad Young Boy Against Black - Foto: Istock

Trinta e um dias após o crime, a perícia da Polícia Civil do Espírito Santo concluiu que o pastor George Alves, de 29 anos, matou o próprio filho, Joaquim Salles, de 3 anos, e o enteado Kauã Salles, de 6. O inquérito policial foi divulgado nesta quarta-feira (23/5). Laudos apontam que as crianças morreram carbonizadas dentro do quarto onde dormiam.

De acordo com as investigações, Alves teria estuprado e agredido os meninos. Depois, o homem colocou fogo nos dois corpos. O caso aconteceu na madrugada do dia 21 de abril, na casa onde a família morava, no município de Linhares, norte do estado.

“Naquela noite, o investigado molestou as duas crianças, mantendo o ato libidinoso e o coito anal. Isso é demonstrado tecnicamente pelo encontro de uma substância chamada de PSA, contida no sangue humano. Ela foi encontrada no orifício anal das duas crianças. Essa substância não poderia estar no local se não fosse pela ação de um agente externo”, disse o delegado André Jaretta.

O suspeito era o único presente na casa no momento do incêndio. A mãe das crianças, Juliana Salles, estava em um congresso em Minas Gerais com o filho mais novo. Alves contou para a polícia que estava dormindo e acordou ouvindo os gritos das crianças pela babá eletrônica. O fogo já estaria muito alto e espalhado por todo o quarto.

Ele disse ter tentado entrar no quarto em chamas para salvar os meninos, mas não conseguiu: disse ter queimado até os pés na vã tentativa de resgatar as crianças, cujo choro afirma ter ouvido. Exames feitos no suspeito, porém, não encontraram sinais de queimadura.

Na noite após o incêndio, Alves e Juliana foram à Igreja Batista Vida e Paz. Antes, ele teria publicado nas redes sociais um convite chamando as pessoas para um encontro no templo religioso. O pastor esteve nos dois cultos e pregou para dezenas de fiéis

Prisão em sete dias
Em um outro momento, imagens de circuito interno de uma lanchonete mostraram Juliana e o pastor lanchando com amigos. A Polícia Civil começou uma investigação e um juiz decretou segredo de Justiça do caso. Alves foi preso sete dias depois do crime, por atrapalhar as investigações.

Durante esse período foram feitos vários exames nos corpos dos irmãos. A casa onde o crime aconteceu passou por quatro perícias. Peritos encontraram vestígios de sangue no box do banheiro da casa.

Foram ouvidas testemunhas entre parentes, amigos e fiéis da igreja. Nos últimos dias, a casa da família se tornou ponto de protestos dos moradores da região que chegaram a colocar velas e cartazes na fachada do imóvel. Os laudos dos exames comprovando os crimes e os resultados das perícias ficaram prontos na tarde desta terça-feira (22).

“Com o propósito de ocultar o ato perverso praticado, ele (Alves) praticou ainda violência física contra as crianças e isso é comprovado pelo vestígio de sangue encontrado no box do banheiro, o qual o exame de DNA comprovou ser de Joaquim. Com as duas vítimas vivas, mas desacordadas, o investigado as levou para o quarto e jogou um líquido inflamável no local e ateou fogo nos irmãos e em todo o quarto, fazendo com que elas [as crianças] fossem mortas por ação do fogo”, afirmou Jaretta.

O secretário de Segurança Pública do estado, Nylton Rodrigues, afirmou que os laudos periciais e técnicos são incontestáveis. Segundo ele, não há comprovação da participação da mãe de Joaquim e Kauã no crime.

O pastor continua preso no Centro de Detenção Provisória de Viana. Ele foi indiciado pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado e duplo estupro de vulneráveis. A soma máxima das penas pode chegar a 126 anos de prisão. O inquérito deve ser encaminhado à Justiça na semana que vem. A defesa de Alves não atendeu as ligações da reportagem.

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