Pai de João Alberto, após conclusão de inquérito: “Perda nunca vai ser substituída”

Apesar do luto, pai da vítima, assassinada brutalmente em uma loja do Carrefour em Porto Alegre, avalia de forma positiva a ação da polícia

Rebeca Borges
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O pai de João Alberto Silveira Freitas disse que, mesmo após o inquérito da Polícia Civil — que indiciou seis pessoas pela morte do filho —, o “sentimento não mudou nada”.  João Beto, como era apelidado carinhosamente, foi assassinado brutalmente no estacionamento de uma loja do Carrefour em Porto Alegre (RS), em 20 de novembro.

Ao Metrópoles, o pai da vítima disse esperar que os responsáveis pela morte do filho cumpram uma pena justa pelo crime. “Só aguardamos que a Justiça dê uma punição severa, séria, na medida certa, para que alguma coisa nos alivie na dor. A perda nunca vai ser substituída”, lamenta João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos.


Nesta sexta-feira (11/12), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) indiciou seis funcionários da loja, suspeitos de envolvimento no crime. Apesar do sentimento de luto, João Batista acredita que as autoridades estão fazendo um bom trabalho nas investigações que apuram a morte do filho.

“A polícia está trabalhando muito sério. No resto, não tenho mais o que fazer. Tenho advogados, eles estão acompanhando o processo. Vamos aguardar o que a Justiça vai decidir”, afirmou.

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João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, se sustentava fazendo bicos
João foi espancado até a morte por seguranças do Carrefour
No enterro, o pai da vítima, João Batista Rodrigues Freitas, 65, lamentou a morte brutal do filho
E finalizou: "Queria que a educação pela igualdade começasse pelos bancos escolares. Mas, já que aconteceu com o meu filho, que sirva de exemplo. Se não podemos banir o racismo, que possamos ao menos reduzi-lo"
"Eu gostaria que o estopim para que as pessoas se dessem conta da existência do racismo não fosse o fim de uma vida", disse o pai de João Beto

Luto

João Batista disse que ficou surpreso com as manifestações em todo o país contra a morte do filho e em repúdio ao racismo. No entanto, ele diz que todo o movimento foi “justo”, considerando a brutalidade do crime que tirou a vida de João Beto.

Em luto, ele lembra dos momentos que viveu com o filho em um parque nas proximidades da residência onde vive.

“Aqui perto de casa tem um parque onde eu caminhei com meu filho desde os 3 anos de idade. Nesse campinho de futebol aqui, eu o ensinei a dar os primeiros toques numa bola de futebol, ensinei a dar as primeiras pedaladas numa bicicleta. Nos últimos dias [de vida], ele esteve aqui fotografou muitas árvores”, recorda.

João Batista disse que passou pelo local recentemente, mas não conseguiu entrar no parque. “Esta semana, eu não consegui caminhar mais lá. Não vou conseguir nunca mais”, lamenta.

Inquérito

Nesta sexta-feira (11/12), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou seis pessoas suspeitas de envolvimento na morte de João Beto. Todos os acusados foram indiciados por homicídio triplamente qualificado. Três deles, incluindo os dois seguranças e uma funcionária do estabelecimento, já estão presos.

“Seis indiciados por homicídio triplamente qualificado: três pessoas que já eram de conhecimento da imprensa, e que já estão presas, e outras três, que, no final do relatório, são apontadas”, disse a chefe da PCRS, Nadine Anflor.

Veja quem são os seis indiciados:
  • Adriana Alves Dutra, fiscal do Carrefour
  • Paulo Francisco da Silva, funcionário da Vector
  • Rafael Rezende, funcionário do Carrefour
  • Kleiton Silva Santos, funcionário do Carrefour
  • Giovane Gaspar da Silva, ex-PM temporário
  • Magno Braz Borges, segurança

Os seguranças Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos, e Magno Borges Braz, de 30, que espancaram João Alberto, foram presos no dia do crime. Além deles, a agente de fiscalização do mercado Adriana Alves Dutra, 51 anos, foi detida no último dia 24 de novembro.

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