Pai de Henry desabafa e se refere aos acusados do crime como monstros

"Quem tinha a obrigação de lhe proteger, optou em lhe 'vender' para pagar as contas pessoais", diz Leniel Borel sobre Monique Medeiros

atualizado 31/10/2021 13:28

Henry Borel Medeiros com o pai, Leniel Borel de Almeida Júnior Reprodução redes sociais

Rio de Janeiro – O pai do menino Henry Borel Medeiros, morto aos 4 anos, em 8 de março, Leniel Borel desabafou nas redes sociais ao escrever uma espécie de carta sobre as expectativas que tinha em vê-lo crescer.

Henry morreu na casa onde estava com a mãe, a professora Monique Medeiros, e o padrasto, o ex-vereador e médico suspenso Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho. O casal responde por homicídio triplamente qualificado e tortura contra o menino.

No texto, Leniel refere-se as acusados como monstros — expressão que tinha usado na primeira audiência do caso no 2° Tribunal do Júri. “Henry, papai segurava você e dizia: ‘Esse príncipe vai ser o melhor menino do mundo’. Esse menino vai ser melhor do que qualquer um que conhecemos! Mas dois monstros não deixaram te ver crescer. Interromperam sua vida a sangue frio, sem nenhum remorso, sem nenhum sentimento por uma criança inocente”, diz um trecho do texto.

Publicidade do parceiro Metrópoles 1
Publicidade do parceiro Metrópoles 2
Publicidade do parceiro Metrópoles 3
Publicidade do parceiro Metrópoles 4
Publicidade do parceiro Metrópoles 5
0

“No ponto mais lindo deste percurso, onde prevalecia a doce inocência de uma criança que só pedia amor, quem tinha a obrigação de lhe proteger (…) optou em lhe ‘vender’ para pagar as contas pessoais, interesses financeiros, transformou-te em uma poupança. Não deixaram você ser você. Um príncipe, um anjo, o amor personificado na criança mais linda que conheci”, completa, acusando Monique de negligência, acusação que também havia sido feita em outras ocasiões.

 

Ver essa foto no Instagram

 

Uma publicação compartilhada por Leniel Borel de Almeida Junior (@lenielborel)

Ao G1 o advogado Hugo Novais, da defesa de Monique, disse que também é pai e que Leniel sentiu a necessidade de desabafar. “A defesa informa que é complacente com a dor de quem perdeu um filho, mas entende que a Monique foi vítima ao perder um filho, não concorrer para a sua morte nem poder viver o luto da sua perda”, alega Novais. “Ela sabe que não fez nada contra o filho e vai encarar a Justiça de frente”, acrescenta Novais.

Jairinho e Monique estão presos desde 8 de abril. Durante a primeira audiência do caso, chamou a atenção a mudança no depoimento dado pela babá de Henry, Thayna de Oliveira Ferreira, considerada testemunha-chave do caso. Ao contrário do que disse à polícia, ela afirmou no tribunal não saber das agressões de Jairinho contra o menino.

 

 

A defesa do ex-vereador também se esforça para tentar mudar a imagem do parlamentar cassado e divulgou as imagens da câmera do elevador que registram o momento em que, descendo para garagem do prédio, na madrugada de 8 de março, Jairinho faz boca a boca no menino, que não reage no colo da mãe. A defesa insiste que Henry foi levado com vida ao hospital.

Laudos da polícia afirmam, no entanto, que Henry tinha morrido pelo menos duas horas antes. Em depoimento à Justiça o delegado Henrique Damasceno, que investigou o caso, afirmou que “Henry já chegou morto ao hospital”:

“Ficou expressamente demonstrado pela equipe médica e pelos laudos periciais que, embora ele tenha sido submetido a manobras de ressuscitação por bastante tempo, em nenhum momento, ele apresentou frequência cardíaca. Ele já chegou morto”, ressaltou o delegado. “Você soprar a boca de uma criança no colo, desfalecida, não é o procedimento certo em um caso como esse”, completou.

Henry sofreu 23 lesões, como uma laceração no fígado, e morreu vítima de ação violenta, descartando a hipótese de acidente, como alegam os advogados do ex-casal.

Mais lidas
Últimas notícias