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Olavistas usam escândalo do dinheiro nas nádegas para atacar Centrão

Seguidores do guru Olavo de Carvalho perderam espaço no poder quando Bolsonaro se aproximou de partidos do Centrão

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Sara Winter apos prisao STF
1 de 1 Sara Winter apos prisao STF - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro está fazendo de tudo para desvencilhar seu governo do escândalo do dinheiro nas nádegas do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), mas nem seus apoiadores mais radicais – os seguidores do guru Olavo de Carvalho – estão caindo nessa estratégia. Cada vez mais isolados do poder à medida que Bolsonaro consolida sua aliança com políticos do Centrão, os bolsolavistas estão explorando o episódio para tentar alertar o presidente sobre os riscos de se unir ao que chamam de parlamentares “fisiológicos”.

Filiado ao DEM, Rodrigues não é “Centrão raiz”, mas está sendo colocado nesse balaio em postagens críticas a Bolsonaro. A militante extremista Sara “Winter” Giromini, por exemplo, foi ao Instagram nos últimos dois dias postar piadas ridicularizando Rodrigues, e contou que o senador já a chamou de “trombadinha”.

Sara, que usa tornozeleira eletrônica e não pode sair de casa por ordem do STF, que a investiga pela organização de atos antidemocráticos, disse recentemente que tinha “inveja de Toffoli” porque o ex-presidente do Supremo ganhou um abraço de Bolsonaro, enquanto ela ainda espera uma simples ligação.

Outro olavista muito magoado com o ex-vice-líder do governo Bolsonaro é o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que vê as digitais do político de Roraima em sua demissão do governo. Rodrigues chegou a comemorar publicamente a saída do ministro, que era um dos maiores criadores de polêmicas ideológicas na Esplanada.

O ex-ministro e seu irmão Arthur – que também perdeu cargo no governo – buscam em suas postagens mostrar os perigos da velha política. “Os Weintraub atrapalham e desagradam quem enfia dinheiro no escapamento. O tempo vai mostrar mais”, ameaçou Arthur em postagem no Twitter.

Veja postagens de influenciadores olavistas sobre o senador Chico Rodrigues:

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O próprio Olavo de Carvalho, que tem subido o tom das críticas ao presidente desde que seus seguidores perderam espaço, não se ocupou muito do assunto “Chico Rodrigues” em suas redes, mas fez algumas piada. Postou, por exemplo, que “se o dinheiro escondido no cu foi ganho honestamente, pior ainda” em uma postagem no Facebook na quinta (15/10).

A reação de Bolsonaro

Apesar de Rodrigues ter sido vice-líder do governo até ontem, ter empregado um sobrinho do presidente e aparecer em vídeos celebrando a amizade entre os dois, Bolsonaro tem se esforçado para se descolar do escândalo. Ele, que sofreu muitas críticas após dizer, na última semana, que não há mais corrupção no governo e que por isso acabou com a Lava Jato, agora repete que sua gestão combate os malfeitos.

“A operação de ontem [quarta-feira] é fator de orgulho para meu governo, para meu ministro Wagner Rosário [da Controladoria-Geral da União] e para a nossa PF”, disse.

“E não isso que a imprensa está falando agora que eu tenho a ver com essa corrupção, ou dizendo que no meu governo tem corrupção. Esse caso aí é mais uma mentira da imprensa que quer desqualificar meu governo a todo tempo. Isso se chama crise de abstinência. Acabaram os milhões”, disse o presidente a apoiadores na quinta.

“Parte da imprensa me acusando do cara ser meu amigo, eu coloquei como vice-líder e que eu não combato a corrupção. Vamos deixar bem claro, essa operação da PF de ontem, como metade das operações, foi em conjunto com a CGU (Controladoria-Geral da União). Ou seja, nós estamos combatendo a corrupção, não interessa quem seja a pessoa suspeita”, continuou o presidente.

Atacado no Facebook pela “dança diabólica com o Centrão”, Bolsonaro respondeu a um internauta, também nesta quinta, perguntando com quais 308 deputados ele deve se relacionar.

O número corresponde a 3/5 dos 513 deputados federais. É o número de votos necessários para fazer emendas à Constituição – como a Reforma da Presidência.

Veja o diálogo:

Bolsonaro responde a internauta

 

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