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Mulher de Fux sofre golpe do WhatsApp praticado em barbearia de Goiás

Ministério Público acusa cinco jovens de praticar crime em janeiro. Pesquisa estima que 15 mil golpes são aplicados por dia no país

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Igo Estrela/Metrópoles
Cerimônia posse do ministro Luiz Fux na presidência do Supremo Tribunal Federal STF
1 de 1 Cerimônia posse do ministro Luiz Fux na presidência do Supremo Tribunal Federal STF - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Goiânia – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a um operador de máquinas de Goiânia que estava preso, preventivamente, acusado de comandar golpe do WhatsApp praticado, em janeiro, contra a esposa e o filho do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux. O processo está em andamento.

Ygor Vinícius Floriano Bispo, de 26 anos, conhecido como Igão, continua preso, no entanto, em Trindade, na região metropolitana, por violação de tornozeleira eletrônica que usa por causa de outro processo judicial. O Metrópoles não localizou a defesa do acusado, que, em depoimento, admitiu o crime e disse que igreja é o local que ele mais frequenta.

O “golpe do novo número”, como é conhecido o estelionato via WhatsApp, foi cometido contra a família do presidente do STF de dentro de uma barbearia em Trindade. A informação consta de processo judicial que já tem 643 páginas, ao qual o portal teve acesso.

Obrigações

Em sua decisão, no dia 29 de março, o ministro do STJ Antonio Saldanha Palheiro substituiu a prisão preventiva por outras medidas cautelares. Entre elas, a proibição de o acusado sair da capital e obrigação de ele ficar em casa, das 20h às 6h, todos os dias, inclusive em fins de semana e feriados.

Pesquisa mais recente do dfndr lab, laboratório de segurança da empresa brasileira PSafe, estima que 453 mil pessoas tiveram o WhatsApp clonado ou suas contas na plataforma falsificadas no mês de outubro no país. Em média, equivale a quase 15 mil golpes por dia.

“O golpe do novo número, notadamente a partir da pandemia do novo coronavírus, se tornou comum no país, sobretudo no estado de Goiás”, afirmou a juíza Ângela Cristina Leão, da comarca de Trindade, em sua decisão.

O operador de máquinas e outros quatro jovens goianienses são acusados de estelionato contra a família do presidente do STF. Em depoimento, ele e dois barbeiros denunciados confirmaram que o crime foi praticado de dentro de uma barbearia em Trindade.

Transferiu R$ 8.460

A esposa do presidente do STF, Eliane Fux, de 65 anos, disse à polícia que, no dia 8 de janeiro deste ano, recebeu via WhatsApp mensagem com pedido de depósito bancário de R$ 8.460. A pessoa se passou pelo filho dela, o advogado Rodrigo Fux, de 38. O número tinha DDD do Rio de Janeiro, onde as vítimas do golpe moram.

Sem esboçar qualquer desconfiança, Eliane pensou que seu filho, de fato, era quem conversava com ela. Por isso, transferiu o dinheiro e encaminhou o comprovante.

A esposa de Fux afirmou ter recebido, após meia-hora, outra mensagem com solicitação de novo depósito, no valor de R$ 9,9 mil, o qual não chegou a ser realizado.

O filho de Fux, por sua vez, contou, em depoimento, que o segundo depósito só não foi realizado porque, logo após a nova solicitação de transferência, recebeu contato de sua mãe, a quem ele disse que não havia pedido qualquer dinheiro.

Nomes dos acusados

O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) denunciou os seguintes acusados pelo golpe do WhatsApp contra a família de Fux:

  • Ygor Vinícius Floriano Bispo: operador de máquina de bordar, 26 anos, conhecido como Igão, morador de Goiânia;
  • Igor Gustavo de Jesus Ferreira: barbeiro, 19 anos, morador de Trindade;
  • Ricarte Soares Dutra Júnior: sem profissão divulgada, 20 anos, conhecido como Beiçola e morador de Trindade;
  • Emerson Ferreira Floriano: sem profissão divulgada, 24 anos, tem apelido de Mudim, primo de Igor Vinícius e morador de Goiânia;
  • José Maria Gonçalves Júnior: motoboy, 23 anos,  conhecido como Fofão, primo de Igor Vinícius e morador de Goiânia.

O crime, segundo a investigação, começou a ser arquitetado depois de uma conversa na barbearia onde trabalham Ricarte e Igor Gustavo, em Trindade. Os dois conheceram Ygor Vinícius assim que ele passou a frequentar o estabelecimento, no fim do ano passado.

Na denúncia, a promotora de Justiça Cristiane Vieira de Araújo afirmou que, para a prática do crime, Ygor Vinícius convidou Ricarte, que deveria providenciar conta bancária para receber o dinheiro proveniente dos golpes virtuais.

Em seguida, segundo o MPGO, o barbeiro aceitou a proposta e, então, convenceu o seu colega de profissão, Igor Gustavo, que, em dezembro de 2020, abriu conta em uma agência de banco em Trindade.

O suposto esquema de estelionato, conforme a acusação, previu distribuição do dinheiro entre os seus integrantes. Por isso, de acordo com a promotora, Ricarte receberia 5% e Igor Gustavo, 10% do total do dinheiro depositado. O restante era repassado para os demais.

 

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Da mesma forma, de acordo com a denúncia, Emerson abriu uma conta bancária para recebimento do dinheiro oriundo dos golpes, enquanto José Maria recebia, em envelope, o valor sacado e o repassava para Ygor Vinícius.

A polícia prendeu o operador de máquinas em sua casa, em Goiânia. Durante busca domiciliar, foram apreendidos R$ 9 mil em dinheiro, em uma gaveta de peças íntimas da esposa dele, no guarda-roupas.

No momento da prisão, segundo a denúncia, Ygor Vinícius admitiu à polícia que, de fato, captava dados de contas bancárias para que fossem depositadas as quantias oriundas de golpes diversos. A esposa do presidente do STF resgatou o dinheiro transferido após o golpe.

Divisão do dinheiro

A promotora de Justiça disse que os acusados eram “todos beneficiados com uma cota-parte da vantagem ilícita obtida”.

O advogado de Ricarte, Eloi Costa Campos Júnior disse ao Metrópoles que seu cliente “não tinha o completo conhecimento do crime cometido”. “Ele não operacionalizava o estelionato nem sabia como era praticado o golpe”, afirmou.

Responsáveis pela defesa de José Maria, os advogados Gabriel Araújo Machado e Sarah Barbosa Jordão sustentaram na Justiça que “não resta dúvida” de que o cliente deles apenas buscou um envelope, em que estava o dinheiro do golpe, e o entregou a Ygor Vinícius. Segundo a defesa, o motoboy não sabia o conteúdo da encomenda.

O portal não localizou contato dos advogados dos demais acusados. Ainda não há previsão de ser realizada a audiência de instrução e julgamento do caso, para a juíza de Trindade decidir pela condenação ou absolvição dos réus.

Conforme informações disponíveis no processo, a família Fux não tem advogados indicados no caso. De toda maneira, o Metrópoles entrou em contato com a assessoria do ministro Luiz Fux no Supremo Tribunal Federal (STF) para oferecer a possibilidade de manifestação a respeito do caso. Até o fechamento deste texto, o portal não obteve resposta.

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Como se proteger do golpe

Especialistas explicam que a principal forma de se proteger da clonagem do WhatsApp é desconfiar de solicitações e ter sempre atenção diante de ofertas muito tentadoras, além de evitar o compartilhamento de informações, como o código PIN do WhatsApp.

Segundo eles, manter a autenticação do WhatsApp em duas etapas ativada também pode ser mais uma forma de aumentar a segurança extra durante o uso do aplicativo e se proteger de criminosos.

Para isso, faça a configuração de seu WhatsApp em duas etapas, como mostra o passo a passo, abaixo:

  • Primeiro: abra o WhatsApp e acesse o menu do aplicativo simbolizado pelos três pontinhos no canto superior direito da tela;
  • Segundo: na aba aberta, clique em “configurações”;
  • Terceiro: acesse a opção “conta”;
  • Quarto: clique em “verificação em duas etapas”;
  • Quinto: na nova tela, clique em “ativar” para iniciar a configuração do recurso;
  • Sexto: neste momento, crie uma senha de seis dígitos (PIN) e confirme o código escolhido. Em seguida, também será possível registrar um endereço de e-mail para recuperar o código, caso seja necessário;
  • Sétimo: depois da personalização, toque em “concluído” para finalizar a configuração do recurso.

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