MPF pede a suspensão dos direitos políticos de Luciano Hang

Possível candidato ao Senado, Véio da Havan é suspeito de cometer abuso de poder econômico durante eleições para prefeito de Santa Rosa

Nat Coutinho
Compartilhar notícia

O Ministério Público Federal pediu ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul a suspensão dos direitos políticos do empresário Luciano Hang por oito anos. O Véio da Havan é uma das figuras cotadas para se candidatar ao Senado pelo estado de Santa Catarina.

O parecer emitido pela Procuradoria Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul, no dia 17 de dezembro, ao qual o Metrópoles teve acesso, aponta Hang como suspeito de cometer abuso de poder econômico durante as eleições para prefeito da cidade de Santa Rosa (RS).

O empresário sugeriu aos eleitores do município, durante evento eleitoral no dia 11 de novembro de 2020, que a continuação da construção de uma loja na região só aconteceria com a eleição do Anderson Mantei (PP), atual prefeito após ganhar a votação na época.

O MP transcreveu falas de Luciano Hang no evento, em que afirma que a eleição de Mantei garantiria “menos burocracia” para a cidade. “Aliás, o PT e a esquerda são campeões de burocracia”, diz o empresário em trecho destacado pelo órgão.

As falas de Hang continuam focadas no Partido dos Trabalhadores: “A cueca deles é vermelha. Pode puxar, são vagabundos. Aliás, destruíram o nosso país, (…) maior crise financeira que o Brasil já viu, a crise econômica de 2015. Povo de Santa Rosa, não tenha memória curta”.

Após a declaração, o empresário apela à situação de Matei nas pesquisas eleitorais. “Voto útil é votar em quem está em primeiro, que vai vencer a esquerda no seu município, pra essa desgraça não voltar. Você acha que eu, como empresário, estaria aqui hoje, investindo no município, se eu não acreditasse no prefeito, na prefeitura e no nosso país?”, afirma.

Luciano ainda pede que, no dia das eleições, os cidadãos votem no candidato. “E aí, a Havan tá aqui nos próximos meses, tenho certeza disso”, promete ele.

Os procuradores José Osmar Pumes e Fábio Nesi Venzon afirmam que as declarações “trazem uma clara associação entre a futura instalação do empreendimento na cidade e o voto no candidato Mantei”. Segundo eles, a ocorrência de abuso de poder econômico é “bem demonstrada” na situação.

Os procuradores recomendam, além da sanção de inelegibilidade de Hang, a cassação do diploma de Anderson Mantei e Aldemir Ulrich, atuais prefeito e vice-prefeito; a suspensão dos direitos políticos de Mantei e Alcides Vicini, antigo prefeito do município; e uma nova eleição para a prefeitura de Santa Rosa. O argumento é de que os quatro teriam sido “beneficiados pelo abuso de poder econômico”.

“Não tenho nada a temer”

Em nota, Luciano Hang afirmou que a situação mostra “a estrutura pública, que é paga com os recursos dos brasileiros, sendo usada em favor de partidos políticos. Neste caso, usada pela a esquerda”. De acordo com ele, a decisão seria para tê-lo “longe da disputa eleitoral de 2022”.

O empresário também relata que teve conhecimento do parecer pela imprensa e lembra que já ganhou o processo em primeira instância “por ausência de fundamentação para a denúncia”.

“Não tenho nada a temer. Eu sou brasileiro e tenho todo o direito de me manifestar e fazer uso da liberdade de pensamento e expressão”, finaliza ele.

Compartilhar notícia
Sair da versão mobile