MP denuncia Jairinho e Monique por homicídio e tortura de Henry Borel

Promotor Marcos Kac pede a conversão de prisão temporária do casal para prisão preventiva. Ele alega que ambos cometeram coação e fraude

Juliana Barbosa
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O promotor Marcos Kac, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), denunciou à Justiça o vereador Dr. Jairinho (sem partido) e a professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, de 4 anos, por tortura qualificada e homicídio triplamente qualificado contra a criança.

No documento, Kac pede à juíza Elizabeth Machado Louro, titular do II Tribunal do Júri, a conversão da prisão temporária do casal em preventiva. O promotor alega que ambos cometeram coação no curso do processo e fraude processual.

A Monique é imputado ainda o crime de falsidade ideológica pelo fato de, em 13 de fevereiro – data de um episódio de tortura anterior ao dia da morte de Henry – ter prestado declaração falsa no Hospital Real D’Or, em Bangu.

O integrante do MPRJ ainda afirma que Jairinho “decidiu ceifar a vida da vítima em virtude de acreditar que a criança atrapalhava a relação dele” com Monique.

O menino não teve “a menor chance de escapar dos golpes que lhe eram desferidos, diante de sua tenra idade e da superioridade de força com que foi surpreendida pelas inopinadas agressões” do vereador.

O parlamentar teria infligido “à pequena vítima intenso sofrimento físico, tendo em vista as múltiplas lesões que lhe foram causadas, revelando, dessa forma, brutalidade fora do comum e em contraste com o mais elementar sentimento de piedade”.

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Henry Borel aparece mancando após suposta agressão
Monique Medeiros, mãe de Henry Borel
Dr. Jairinho, padrasto do garoto
Dr. Jairinho é acusado pela morte do enteado, Henry
A mãe do menino, Monique Medeiros, foi presa, também sob suspeita de participar da morte
Dr. Jairinho é acusado pela morte do enteado, Henry
Monique, mãe de Henry, segue para IML do Rio

Kac ainda diz que Monique, na condição legal de “agente garantidora”, “se omitiu de sua responsabilidade, concorrendo eficazmente para a consumação do crime de homicídio de seu filho, uma vez que, sendo conhecedora das agressões que o menor de idade sofria do padrasto e estando ainda presente no local e dia dos fatos, nada fez para evitá-las ou afastá-lo do nefasto convívio” com seu namorado.

Dessa forma, Monique teria permitido que o companheiro “agredisse a criança até levá-la a óbito, quando podia e devia ter agido para evitar o resultado morte, tendo tais ataques causado as múltiplas lesões corporais” descritas no exame de necropsia e levando o menino a morte.

Caso Henry Borel

O menino Henry Borel Medeiros morreu no dia 8 de março ao dar entrada em um hospital da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo Leniel Borel, pai de Henry, ele e o filho passaram o fim de semana juntos, normalmente. Por volta das 19h do dia 7, o engenheiro levou o garotinho de volta para a casa da ex-mulher.

Ainda segundo o pai de Henry, por volta das 4h30 do dia 8, ele recebeu uma ligação de Monique falando que estava levando o filho para o hospital, porque o menino apresentava dificuldades para respirar.

Leniel afirma que viu os médicos tentando reanimar o pequeno Henry, sem sucesso. O garotinho morreu às 5h42, segundo registro policial feito pelo pai da criança.

Monique e Jairinho foram denunciados pelo crime de tortura contra Henry nos dias 2 e 12 de fevereiro, dentro da mesma residência. As agressões foram descobertas por meio de mensagens recuperadas nos aparelhos celulares de Monique e da babá do menino, Thayna de Oliveira Ferreira.

Nas duas ocasiões, Jairinho teria, segundo o Ministério Público, submetido o enteado, que se encontrava sob sua autoridade, “a intenso e desnecessário sofrimento físico e mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”.

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