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Mortes por Covid-19 já passam total de vítimas por dengue de 2019

Doença causada pelo Aedes aegypti matou 782 pessoas no ano passado. O novo coronavírus tirou a vida de 800 pessoas desde 26 de fevereiro

atualizado

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Yanka Romão / Metrópoles
Arte mosquito da dengue e coronavírus
1 de 1 Arte mosquito da dengue e coronavírus - Foto: Yanka Romão / Metrópoles

O número de óbitos decorrentes da infecção pelo novo coronavírus no Brasil, que teve o primeiro caso registrado no dia 26 de fevereiro, ultrapassou o total de mortos por dengue em 2019.

O ano passado foi atípico e registrou o segundo maior número de óbitos causados por dengue na série histórica, iniciada em 1998. No total, 782 pessoas perderam a vida para apenas uma das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A Covid-19 até o momento matou 800 pessoas, conforme o dado mais atualizado do Ministério da Saúde.

Em 2019, foram notificados 1.544.987 casos de dengue, com uma taxa de incidência de 735 casos por 100 mil habitantes. O novo coronavírus infectou 15.927 pessoas em pouco mais de 40 dias. As taxas de letalidade entre a doença respiratória e a transmitida pelo mosquito, porém, são bem diferentes.

Se forem utilizados como base os números atuais da doença, comparados com os dados do ano passado, a Covid-19 chega a ter uma letalidade, proporcionalmente, mais de cem vezes maior. Enquanto a dengue matou 0,047% dos infectados em 2019, o novo coronavírus matou 5% dos casos notificados.

No entanto, nem todos aqueles que têm o coronavírus são testados no país. Por isso, a letalidade do novo vírus pode ser menor. O Ministério da Saúde já orientou que somente casos graves da Covid-19 farão o exame.

Embora sejam doenças com características distintas e modos de transmissão totalmente diferentes, a expectativa é de que, em breve, as mortes por coronavírus superem aquelas causadas por todas as doenças transmitidas pelo Aedes aegyptiAlém da dengue, a chikungunya matou 92 pessoas e o zika vírus, três.

“[O coronavírus é] mais letal do que a dengue neste momento, até porque a taxa de transmissão é diferente, muito mais facilitada, não precisa de vetor, transmissão [ocorre] de pessoa a pessoa. Totalmente diferente, não dá pra comparar com dengue, zika e chikungunya“, explica o médico infectologista Alberto Chebabo, 2º secretário da Sociedade Brasileira de Infectologia.

“É uma dinâmica diferente. Um é por transmissão aérea, o outro é transmissão por mosquito. Com uma transmissão facilitada [do novo coronavírus] desse jeito é isso que acontece. A expectativa é que a gente tenha mesmo um número muito maior de mortos neste momento por Covid-19”, disse o especialista sobre a relação de casos projetados do novo coronavírus em relação às doenças do Aedes aegypti.

Crescimento do número de casos

Ainda que seja esperado o aumento no número de mortes, estudos do Núcleo de Operações e Inteligência e Saúde (Nois) da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam que a situação no Brasil é mais controlada do que em outros países com grande número de casos.

A pesquisa avaliou a progressão dos casos de Covid-19 confirmados entre 21 e 30 de março e comparou com a evolução da epidemia em países onde há maior número de registros da doença, como Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha, França, Irã, China e Coreia de Sul.

“Caso estas ações [de isolamento] sejam efetivas, a curva de casos acumulados por dia no Brasil, e nos estados que as adotaram, pode apresentar diminuição na taxa de crescimento, o que também influencia nas novas projeções”, afirma a nota técnica divulgada pelos pesquisadores.

No entanto, os números também podem estar relacionados à subnotificação dos registros da doença. Os estudiosos lembram que, em estados como São Paulo, as notificações por meio do Sistema de Agravo de Notificação (Sinan) passaram a conter apenas casos graves informados pelos hospitais de referência e não mais os quadros de sintomas leves e medianos.

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