Moro lamenta “posição negacionista” de Bolsonaro em relação ao coronavírus

Ex-ministro da Justiça critica, em entrevista ao Fantástico, as trocas no ministério da Saúde e falta de planejamento do governo

Raphael Veleda
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Fora do governo há exatamente um mês, o ex-ministro Sergio Moro se sente cada vez mais confortável para criticar a administração da qual participou por um ano e quatro meses. O ex-juiz reclamou, em entrevista ao Fantástico neste domingo (24/05), da substituição de dois ministros da Saúde em meio à pandemia de coronavírus. “O presidente da República tem uma posição negacionista em relação à pandemia”, disse ele, “a posição do governo federal em relação à pandemia é muito pouco construtiva”, afirmou ainda, antes de se solidarizar com as vítimas da Covid-19 no Brasil.

Para Moro, as saídas de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich do comando da Saúde “são controversas, questionáveis do ponto de vista técnico”.

Na entrevista à jornalista Poliana Abritta, Moro disse que se sentia incomodado com posições do governo, mas ficou tanto tempo porque tinha esperança de que a agenda anticorrupção na qual acreditou ainda se tornasse realidade. “Mas a gota d’água foi a tentativa de interferência na Polícia Federal”, disse ele, em relação ao motivo que lhe tirou do governo e abriu uma crise política em plena pandemia.

“Essa agenda anticorrupção não teve um impulso por parte do presidente da República para que a gente implementasse”, disse. “Teve o caso do Coaf [que saiu de sua responsabilidade e foi para o Ministério da Economia], o Projeto Anticrime, que não teve, a meu ver, um apoio adequado pelo Planalto”, reclamou ainda o ex-ministro.

Moro também criticou as novas alianças do governo com partidos do Centrão e disse que a gestão de Bolsonaro se valia de sua imagem de luta contra a corrupção quando, na verdade, não trabalhava por ela.

Rompido com Bolsonaro desde o dia 24 de abril, quando se demitiu do governo acusando o presidente de querer interferir politicamente na Polícia Federal, Moro tem usado as redes sociais e entrevistas à imprensa para manter um jogo de acusações com seu ex-chefe.

As acusações de Moro a Bolsonaro geraram um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), o que tem como prova o já histórico vídeo da reunião ministerial de 22 de abril.

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