Moradores tentaram socorrer com pás e enxadas família soterrada em Pipa
Voluntários usaram ferramentas para tentar cavar terra e pedras da falésia que desabou. Tragédia matou três pessoas
atualizado
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Trabalhadores da Praia de Pipa (RN) usaram pás e enxadas para tentar salvar a família soterrada após o deslizamento de uma falésia na região. A tragédia matou Hugo Pereira, 32 anos, Stella Souza, 32, e o bebê Sol, de apenas 7 meses.
Nesta quarta-feira (18/11), em entrevista ao Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, o barqueiro Igor Caetano contou que os trabalhadores começaram a cavar com as mãos, mas logo conseguiram ferramentas para agilizar o trabalho.
“A gente começou com a mão, mas algumas pessoas conseguiram pás e enxadas e isso ajudou a gente a cavar. Tinha muita pedra de barro grande no meio, não tinha como a gente conseguir cavar com a mão. Tinha a preocupação de, com a pá, atingi-los. Ninguém sabia o estado de saúde deles”, afirma o barqueiro.
Igor nasceu em Pipa e trabalha na praia há mais de 20 anos. Ele conta que esse tipo de deslizamento é comum e que, durante a quarentena, as pedras das falésias já haviam desabado. “Por se tratar de quarentena, tinham poucas pessoas na praia, então graças a Deus não atingiu ninguém”, lembra.
Além disso, o barqueiro afirma que a Prefeitura de Tibau do Sul colocou placas de alerta sobre o perigo da região, mas a maré alta derrubou os avisos de risco. Desde então, as autoridades não repuseram os sinais de alerta, conta.
Tragédia
Segundo testemunhas, a mãe estava abraçada ao bebê, que ainda respirava quando foi encontrado. Uma médica passava pelo local no momento da tragédia e tentou reanimar a criança, sem sucesso. O cachorro do casal também morreu soterrado.
Prefeitura sabia do perigo
A Prefeitura de Tibau do Sul já havia sido alertada dos riscos de desabamento das falésias na praia de Pipa, por meio de recomendações feitas pelo Ministério Público Federal do Rio Grande do Norte (MPF-RN).
Após o acidente, equipes da Defesa Civil do RN e de Tibau do Sul estiveram em Pipa para decidir sobre uma possível interdição do trecho. Os estabelecimentos do topo da falésia passaram por inspeção e, por conta da maré alta, só na manhã desta quarta-feira (18/11) houve uma avaliação da área onde aconteceu o acidente.