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Ministro sobre procuradores da Lava Jato: “Passaram dos limites”

Diálogos vazados mostram que integrantes do MP tentaram envolver Humberto Martins, do STJ, na delação da OAS e impedir indicação dele ao STF

atualizado

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José Cruz/Arquivo Agência Brasil
Corregedor Humberto Martins
1 de 1 Corregedor Humberto Martins - Foto: José Cruz/Arquivo Agência Brasil

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins disse, nesta quinta-feira (01/08/2019), que procuradores da força-tarefa da Lava Jato “passaram de todos os limites” ao tentar envolvê-lo na delação da OAS e impedi-lo de ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a colunista Monica Bergamo.

De acordo com mensagens obtidas pelo site The Intercept e divulgadas pela Folha de S. Paulo, Deltan Dallagnol teria usado a delação para tentar barrar a indicação do ministro para a vaga de Teori Zavascki, morto em 2017. Procurada, a força-tarefa da Lava Jato informou que é dever encaminhar à PGR informações sobre autoridades com direito a foro especial, uma vez que procuradores não podem investigar ministros do Supremo. “Tempos difíceis!”, comentou Martins a respeito dos diálogos.

À colunista, o ministro disse que sempre julgou contra os interesses da OAS no STJ. “Nunca vi alguém receber vantagem sendo contra [a empresa]. Graças a Deus, a verdade está aparecendo”, afirma. “Mesmo eu julgando contra os interesses da OAS, os procuradores buscaram incluir meu nome [na delação], conforme divulgado. Tempos difíceis! Passaram de todos os limites!”, continuou.

Martins pontuou ainda que é um “simples mortal” e que nunca pediu nenhum favor para ninguém. “O objetivo deles era me tirar [da disputa por uma vaga no Supremo]. Mas quem sou eu para ir para o STF? Um simples mortal. Nunca disputei, nunca pedi, nunca quis isso. Estou triste, muito triste”, enfatizou. “Tenho 47 anos de serviço público. É duro constatar que eu não estava envolvido em nada e fui citado apenas porque queriam barrar uma indicação para o STF que eu nunca pedi”, frisou.

Segundo a Folha, em uma das conversas com Eduardo Pelella, chefe de gabinete do ex- procurador-geral da República Rodrigo Janot, Deltan disse: “Pelella, é importante a PGR levar ao [então presidente] Michel Temer a questão do Humberto Martins, que é mencionado na OAS como recebendo propina”. Em resposta, Pelella respondeu: “Deixa com ‘nós'”.

Humberto Martins arquivou pedido para que o chefe da pasta da Justiça, Sergio Moro, que também teve diálogos divulgados pelos portais, fosse investigado. Apesar de ter sido alvo dos procuradores da Lava Jato, o ministro disse que não mudará de opinião quanto a isso.

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