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Milícias digitais usam estrutura do “gabinete do ódio”, diz PF

Relatório da PF foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito que investiga a ação das milícias digitais

atualizado

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Bolsonaro com as mãos no rosto em evento de acesso ao crédito promovido no Planalto, sob fundo azul - Metrópoles
1 de 1 Bolsonaro com as mãos no rosto em evento de acesso ao crédito promovido no Planalto, sob fundo azul - Metrópoles - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Em relatório parcial enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiros, da Polícia Federal (PF), afirmou que as chamadas milícias digitais utilizaram a estrutura do “gabinete do ódio” para promover disseminação de notícias falsas e antidemocráticas.

O documento foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do inquérito que investiga a ação das milícias digitais. No texto, obtido pelo Metrópoles, a delegada afirma que o modo de agir do grupo é “bem delineado e coerente”.

“Identifica-se a atuação de uma estrutura que opera especialmente por meio de um autodenominado ‘gabinete do ódio’: um grupo que produz conteúdos e/ou promove postagem em redes sociais atacando pessoas”, descreveu a delegada.

De acordo com a investigadora, os alvos do grupo são previamente escolhidos pelos membros das milícias. As publicações são difundidas por “múltiplos canais de comunicação”, “especialmente nas redes sociais”.

Segundo a delegada, as publicações têm como objetivo estimular a polarização e incentivar ataques à oposição e aos e ministros do STF, por exemplo.

“A organização utiliza essa estrutura para atacar de forma anônima diversas pessoas (antagonistas políticos, ministros do STF, integrantes do próprio governo, dissidentes etc.), tudo com o objetivo de pavimentar o caminho para alcance dos objetivos traçados (ganhos ideológicos, político-partidários e financeiros)”, pontuou a investigadora.

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Desinformação

No relatório, a delegada também citou as transmissões ao vivo realizadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), em que o mandatário propagou informações falsas. Uma das lives citadas é a do dia 29 de julho do ano passado, quando Bolsonaro disseminou fake news sobre a urna eletrônica.

Denisse também citou a transmissão do dia 4 de agosto de 2021, quando Bolsonaro divulgou dados sigilosos de documentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para alegar, de maneira errônea, que o sistema eleitoral sofreu uma invasão.

A investigadora também citou a disseminação de notícias falsas sobre o tratamento de Covid-19.

“A análise em curso aponta também para existência de eventos que, embora não caracterizem por si tipos penais específicos, demonstram a preparação e a articulação que antecedem a criação e a repercussão de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas a respeito de pessoas ou temas de interesse. Como exemplo, entre outros, pode-se citar a questão do tratamento precoce contra a Covid-19 com emprego de hidroxicloroquina/cloroquina e azitromicina, bem como a menção à elaboração de dossiês contra antagonistas e dissidentes, inclusive com insinuação de utilização da estrutura de Estado para atuar ‘investigando todos'”, consta no relatório.

Ao fim do documento, Denisse cita que fará um pedido de licença do cargo a partir de segunda-feira (14/2). Por isso, pede o “acautelamento do inquérito” até a designação de outra autoridade policial para substituí-la.

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