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Massacre: AM apura racha entre Família do Norte e Comando Vermelho

Polícia investiga se execuções foram motivadas por disputa interna de poder entre dois traficantes da facção amazonense

atualizado

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Marcelo Camargo/Agência Brasil
Presídio Manaus
1 de 1 Presídio Manaus - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Autoridades policiais do Amazonas investigam se o fim de uma aliança entre as organizações criminosas Família do Norte (FDN) e Comando Vermelho (CV), do Rio, tem relação com os massacres que deixaram 55 mortos em quatro unidades prisionais de Manaus esta semana. As execuções foram causadas por um racha interno, entre duas alas da FDN. Ao mesmo tempo, a Família do Norte e o CV disputam pontos de venda de droga, em Manaus e no interior do Estado, além de uma das maiores rotas de escoamento de cocaína no país.

A FDN domina o tráfico no Rio Solimões, que abastece as Regiões Norte e Nordeste com cocaína do Peru e da Colômbia. Em 2015, a Polícia Federal identificou que FDN e CV haviam se aliado na região para barrar a expansão do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Amazônia.

A rivalidade entre as três maiores facções criminosas do país – o PCC, de um lado, e a FDN e o CV de outro – é apontada como motivação para a onda de assassinatos nos presídios do Amazonas em 2017, quando houve 56 mortes. Na época, a ofensiva da FDN foi contra detentos do PCC.

A parceria de CV e da FDN teve fim em 2018 e, segundo o Ministério Público estadual, as facções se mantêm em briga permanente no Amazonas. O governador, Wilson Lima (PSC), disse que o envolvimento do CV na disputa interna da FDN é investigado. “Essa é uma situação que estamos levantando. O que há, de fato, é que um grupo criminoso rachou.”

IML
As mortes desta semana são atribuídas a um ataque de presos alinhados ao traficante e um dos líderes da FDN João Pinto Carioca, o João Branco, contra integrantes da Família do Norte leais a José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, outro chefe da facção amazonense. A polícia investiga se Branco teria se realinhado ao CV para isolar Compensa da liderança do grupo criminoso, mas ainda não chegou a uma conclusão. Ambos estão em presídios federais.

Os ataques foram precedidos, há cerca de 15 dias, pela Operação Anúbis, que prendeu quatro integrantes do CV em Manaus. Os presos são acusados de matarem três jovens, também afiliados à facção carioca, por fornecer drogas para a FDN. Um dos mandados de prisão tinha como alvo um preso que estava no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), onde houve 19 mortes entre o último domingo (26/05/2019) e segunda-feira (27/05/2019).

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, destacou que a inteligência do governo não detectou possibilidade de que o confronto migre dos presídios para as ruas ou, ainda, ocorra em outros estados. “O presidente está consternado pelo processo escabroso que ocorreu”, disse.

Transferências
Um total de 29 presos envolvidos nas chacinas deve ser transferido de Manaus para penitenciárias federais de segurança máxima, a pedido do estado. Até essa terça-feira (28/05/2019), a transferência de nove presos havia sido concluída, e a de outros 20 detentos, confirmada.

Nessa terça, o governador pediu ao Ministério da Justiça a extensão da permanência da Força Nacional no Amazonas por mais um ano. O estado ainda recebeu os primeiros 20 homens da Força-tarefa de Intervenção penitenciária, de um total de 100. Eles vão treinar agentes carcerários para situações de emergência.

Zé Roberto da Compensa
Fundador da Família do Norte, José Roberto Fernandes Barbosa está no crime desde os 12 anos de idade, segundo mensagens de própria autoria interceptadas pela PF. O codinome é uma referência ao bairro da Compensa, na zona oeste de Manaus, onde Zé Roberto começou sua carreira de traficante. Em 2015, a inteligência da PF o identificava como “o mais conhecido e respeitado” criminoso no Amazonas, entre aqueles que formavam o “conselho” da FDN.

Criou a facção em parceria com Gelson Lima Carnaúba, o “G”, após os dois terem passado uma temporada cumprindo pena em presídios federais. Ao voltarem a Manaus, criaram um grupo nos moldes do PCC e do CV. O primeiro passo foi elaborar um “estatuto” da FDN com regras e rígidos pilares de hierarquia e disciplina, que deveria ser difundido entre presos do sistema penitenciário amazonense. Já foi alvo de planos de assassinato pelo PCC.

João Branco
Em 2015, era considerado “o criminoso mais procurado do Estado do Amazonas”, por ser o principal suspeito de assassinar um delegado da Polícia Civil. Integrava o conselho da FDN junto com os fundadores Zé Roberto e Gelson, e outros dois criminosos, e era um dos principais interlocutores de Zé Roberto.

A ele é atribuída influência sobre grupos de traficantes nas ruas de Manaus e o domínio de unidades prisionais. Segundo a PF, ele teria gerência sobre a coordenação da FDN no Instituto Penal Antônio Andrade (Ipat) por meio de um “sicário”. Há relatos de assassinatos feitos por determinação dele na unidade, em 2015.

Gelson Carnaúba
Fundador da FDN, ao lado de Zé Roberto da Compensa, é apontado como o responsável pela aliança entre a facção do Norte e o Comando Vermelho. A parceria teria sido acertada enquanto Gelson estava preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, de segurança máxima, segundo o inquérito da PF. Atuou como intermediador entre os criminosos amazonenses e cariocas em situações de atrito entre as duas facções. Teria sido expulso da FDN e se filiado ao grupo carioca.

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