PMs envolvidos no massacre do Carandiru terão novo julgamento
Em 2016, dois desembargadores votaram pela anulação dos cinco julgamentos que condenaram 74 PMs pelas mortes de 77 detentos
atualizado
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O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu nesta terça-feira (11/4), por quatro votos a um, que os policiais militares envolvidos no massacre do Carandiru terão novo julgamento. Eles são acusados de assassinarem, em 1992, 77 detentos após uma rebelião na penitenciária, que tirou a vida de 111 pessoas.
Em setembro do ano passado, dois dos cinco desembargadores da 4ª Câmara Criminal do TJ (Camilo Lellis e Edison Brandão) votaram pela anulação dos cinco julgamentos que condenaram 74 PMs.
Os outros 34 presos teriam perdido a vida em confronto com os companheiros de celas. O relator à época, desembargador Ivan Sartori, ex-presidente do tribunal, havia votado pela absolvição dos policiais.Nesta terça (11), os desembargadores julgaram embargos infringentes. Este tipo de recurso é previsto quando não há decisão unânime.
Além de Lellis, Brandão e Sartori, participaram da sessão outros dois desembargadores, Euvaldo Chaib Filho e Luis Soares de Mello Neto — relator do caso analisado nesta terça.
O relator Mello Neto, que defendeu novo júri, foi acompanhado por três desembargadores. O antigo responsável pela relatoria, Ivan Sartori, foi o único a se manter favorável à absolvição.
Responsável pela acusação, a procuradora Sandra Jardim criticou a chance de absolvição dos policiais. “Produziram a maior chacina, o maior massacre e morticínio dos presídios brasileiros. Será que absolver 74 culpados fará justiça?”, indagou. Os advogados dos policiais haviam pedido para anulação dos julgamentos populares. Eles alegavam, entre outras, que não era possível condenar os PMs sem individualizar a conduta de cada um.