PF não sabe se Ramagem, líder na bolsa de apostas, quer ser chefe

Ao sair do governo, Sergio Moro disse que Bolsonaro queria interferir politicamente na PF. Próximo diretor terá de lidar com essa pecha

Guilherme Waltenberg ,
Mirelle Pinheiro
Compartilhar notícia

O líder na bolsa de apostas para assumir a diretoria da Polícia Federal é o atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, como revelou o Metrópoles nesta quinta-feira (23/03).

Próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde as eleições de 2018, quando assumiu a sua proteção após a facada em Juiz de Fora, o delegado da Polícia Federal conta com dois trunfos: apoio da família presidencial e confiança de seus pares na corporação.

No entanto, policiais federais, alguns sob anonimato, outros não, destacam que o discurso de Sergio Moro, agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, ao deixar o cargo pode complicar essa possibilidade.

Isso porque, ao anunciar a sua demissão, ele acusou o presidente da República de querer mudar a estrutura da polícia para poder interferir em seu trabalho e obter “relatórios de inteligência” internos. Como Moro destacou, esse não é o papel da PF.

“Essa fala do ministro deixa um problema para o próximo diretor. Como ele vai lidar com o fato de que as pessoas podem interpretar que ele está lá para fazer esse trabalho?”, questionou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais Luís Antônio Boudens.

Pessoas próximas a Ramagem, entretanto, destacam que a relação pessoal entre ele e Bolsonaro pesaria a favor de um aceite. “O colega respondeu que um pedido pessoal fica difícil de recusar”, destacou um funcionário próximo ao atual chefe da Abin.

Compartilhar notícia
Sair da versão mobile