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Inquérito dos Portos: sócios estrangeiros queriam afastar Celso Grecco

Auditoria indicou que contratos fechados pelo dono da Rodrimar com escritórios de advocacia, através do terminal Pérola, eram de fachada

atualizado

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PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
PF DEFLAGRADA OPERAÇÃO SKALA EM SP.
1 de 1 PF DEFLAGRADA OPERAÇÃO SKALA EM SP. - Foto: PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

As suspeitas de que Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, estava à frente de contratos irregulares em troca de propinas levaram os sócios estrangeiros da Pérola S.A, terminal portuário alfandegado localizado no Porto de Santos (SP) e ligado ao grupo empresarial, a instaurar uma investigação interna. O alvo da auditoria eram contratos firmados por Grecco com escritórios de advocacia, que, verificou-se, não prestavam qualquer tipo de serviço à Perola, embora recebessem honorários. Os resultados das investigações levaram ao afastamento de Grecco do Conselho de Administração da empresa.

Celso Grecco (foto em destaque) foi indiciado pela Polícia Federal, ao lado do presidente Michel Temer, no inquérito que apura o favorecimento da Rodrimar pelo chamado Decreto dos Portos nº 9.048/2017, assinado em maio de 2017 pelo presidente. Eles são investigados pelos crimes de corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A PF também pediu a prisão de Grecco e de Ricardo Conrado Mesquita, diretor da empresa, mas a Procuradoria-Geral da República ainda não se pronunciou se acatará a solicitação.

Consta no relatório que, em depoimento à Polícia Federal na condição de testemunha, o diretor-financeiro da Pérola, Ronaldo Torres, afirmou que, apesar de o Grupo Rodrimar ter apenas 20% na sociedade da empresa, era Grecco quem, de fato, cuidava das questões legais e do trato com órgãos públicos, inclusive a contratação de advogados.

Incomodados com a repercussão de investigações da PF que apontavam a Rodrimar como parte de um esquema de lavagem de dinheiro para o então PMDB, e com o receio de que isso viesse a respingar na Pérola, os sócios contrataram um escritório de advocacia para realizar a auditoria nas atividades de Grecco.

O executivo havia contratado três escritórios de advocacia que, supostamente, prestariam serviços para a Pérola. Em delação premiada, o advogado Flávio Calazans de Freitas, do escritório Calazans de Freitas & Advogados Associados, admitiu que firmou com o dono da Rodrimar contratos de fachada, a um preço total de R$ 375 mil.

O dinheiro da propina enviado a Calazans seria repassado a empresas de fachada, como Link Projetos e a AP Energy, e, depois, a políticos do MDB, entre eles, o presidente Michel Temer, através de seu intermediário Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial da Presidência e ex-deputado federal.

Com a investigação, os sócios estrangeiros buscavam: verificar se os escritórios de advocacia contratados por Grecco estavam envolvidos em esquema de corrupção e avaliar contratos com terceiros, para também verificar se havia intermediários para corromper políticos.

No relatório entregue pelos auditores, em novembro de 2017, identificou-se que os escritórios contratados por Grecco, à revelia do Conselho de Administração, receberam, no total, quase R$ 1,5 milhão, com o detalhe de que não havia qualquer tipo de serviço prestado.

Desconforto e providências
De acordo com o relatório final do Inquérito dos Portos, “outros documentos analisados [pelos investigadores] também apontaram o desconforto e as providências que os sócios estrangeiros pretendiam tomar, mesmo antes da finalização da auditoria realizada pelo escritório Tozzini, após descobrirem as irregularidades cometidas por Celso Grecco à frente da Pérola”.

Algumas recomendações foram dadas pelos auditores aos sócios estrangeiros, com a principal preocupação de desvincular a imagem da Pérola à da Rodrimar e, consequentemente, sair do foco das investigações da PF. Para isso, a empresa deveria verificar qual o seu grau de envolvimento com as irregularidades cometidas por Grecco.

Segundo o relatório da PF, os auditores alertaram os sócios de que o nome da companhia foi citado em alegações públicas envolvendo a Rodrimar e, “considerando que Pérola é uma instituição separada existente independentemente da Rodrimar, a Pérola deveria adotar medidas para se distanciar da Rodrimar”.

Colaboração com a PF
Além disso, os advogados da Pérola deveriam procurar a Polícia Federal espontaneamente para colaborar com as investigações, sugeriram os responsáveis pela auditoria.

Preso em março de 2018 durante a Operação Skala, Grecco renunciou à presidência do Grupo Rodrimar. Em agosto, a Rodrimar pediu, na Justiça, sua saída da sociedade da Pérola.

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