Novamente na fase das alegações finais, a última antes de o juiz proferir a sentença, a ação penal em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado pela Operação Lava Jato de receber R$ 12 milhões em propinas da Odebrecht na compra do terreno em São Paulo para sediar o Instituto Lula corre o risco de cair em prescrição.
O processo por crime de lavagem de dinheiro, aberto em 2014, está travado desde que o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a 13ª Vara Federal de Curitiba compartilhe com a defesa do petista a íntegra da documentação relacionada ao acordo de leniência, estimado em R$ 3,8 bilhões, firmado entre a força-tarefa e a construtora com participação de autoridades dos Estados Unidos e da Suíça. Na decisão, o ministro ampliou o acesso restrito estabelecido inicialmente pela Segunda Turma da Corte em agosto.
O impasse envolvendo o material se alonga desde 2017, quando os advogados do ex-presidente começaram a entrar com sucessivos pedidos para ler toda a documentação. Mesmo após a ordem recente de Lewandowski, a defesa sustenta que a íntegra não foi disponibilizada e acusa o juiz federal Luiz Antonio Bonat e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato de esconderem documentos. As acusações levaram o ministro do Supremo a pedir a abertura de uma apuração na Corregedoria do Ministério Público Federal para saber se os registros estão sendo de fato “suprimidos”.
Por sua vez, o juízo de Curitiba se manifestou em três diferentes ocasiões informando que a decisão foi cumprida. A força-tarefa afirmou, nos autos, que a “insistência” da defesa no compartilhamento do material tem propósito de “procrastinar” a tramitação processual.
Prazos
O imbróglio adia o desfecho do caso na primeira instância da Justiça, já que, pela segunda vez, foi reaberto o prazo para que Lula apresente suas alegações finais no processo, após acessar os documentos. Em agosto do ano passado, o relator da Operação Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, já havia determinado que o prazo para as manifestações fosse reaberto depois que o tribunal entendeu que réus delatados têm o direito de falar por último, ou seja, depois dos delatores se manifestarem.
Como na ação penal em questão há três réus com mais de 70 anos, em favor deles o prazo prescricional é contado pela metade. Por isso, há risco de prescrição caso a ação penal seja julgada após 19 de dezembro e os réus sejam condenados a penas de até quatro anos para cada crime. Nesse caso, também seriam beneficiados o advogado Roberto Teixeira e o engenheiro Glaucos da Costa Marques.

Empreiteira é condenada por pagamento de propinaDIVULGAÇÃO/ODEBRECHT

Impasse sobre provas pode levar processo contra Lula à prescriçãoReprodução

Brasil, Salvador, BA. 20/07/2014. Emílio Odebrecht durante enterro do pai o empresário Norberto Odebrecht, realizado no cemitério do Campo Santo, no bairro da Federação, em Salvador. Norberto Odebrecht, foi engenheiro e fundador do grupo Odebrecht, faleceu aos 93 anos, vítima de complicações cardíacas. - Crédito:PAULO GIANDALIA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Código imagem:193736PAULO GIANDALIA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE

Ex-presidente LulaRicardo Stuckert/Divulgação

SP - LULA/SÃO BERNARDO/PRONUNCIAMENTO - ESPORTES - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de demais correligionários, discursa no palanque montado em frente ao Sindicato do Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na manhã deste sábado (09), após ter sido solto, ontem, da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), onde esteve preso por 580 dias. 09/11/2019 - Foto: PABLO WASHINGTON /PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDOPABLO WASHINGTON /PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Lula discursa para apoiadoresPedro Vilela/Getty Images

Ex-presidente Lula foi beneficiado pela decisão do STF de que um acusado só pode ser preso depois de esgotados todos os recursosPedro Vilela/Getty Images