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Juiz que desdenhou da Maria da Penha humilha mulheres em audiências. Veja

Rodrigo de Azevedo Costa surge em audiências interrompendo e humilhando mulheres, dando tratamento diferente aos homens

atualizado

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Reprodução/ Facebook
Rodrigo de Azevedo Costa
1 de 1 Rodrigo de Azevedo Costa - Foto: Reprodução/ Facebook

Em vídeos de duas audiências, o juiz Rodrigo de Azevedo Costa, que desdenhou da Lei Maria da Penha durante uma audiência sobre pensão alimentícia e guarda, surge fazendo comentários machistas, além de não dar espaço para que as mulheres falem e se gabar da própria condição financeira para humilhá-las.

Os vídeos, divulgados pela coluna Papo de Mãe, do UOL, foram gravados por videoconferência na Vara de Família da Nossa Senhora do Ó, em São Paulo, por conta da pandemia do coronavírus. Duas mulheres afirmam ter passado por situações desconfortáveis com o juiz.

Identificada pela coluna como “B.”, a auxiliar de enfermagem participou de audiência de conciliação de regulamentação de visitas no dia 10 de dezembro. Ela também foi chamada de “mãe” e “manhê” pelo juiz, se sentiu ofendida em diversos momentos e mal teve a chance de falar. Sempre que ela tentava dizer algo, era interrompida.

Já “F.” participou de uma audiência on-line de conciliação que tratava de partilha de bens no dia 11 de novembro. Segundo a reportagem, o juiz se mostra muito mais amigável com o advogado e o ex-marido do que com a advogada e a mulher. Além disso, ela também é interrompida uma série de vezes.

Audiência de B.

A audiência foi pedida porque B. tem guarda compartilhada e precisava rever as visitas em razão da pandemia, já que as filhas não estão indo para a creche e, para poder trabalhar, ela precisava de uma participação do pai.

Na ocasião, Campos fala sobre as condições econômicas de B., além tecer comentários com teor de humilhação e racismo.

“Mas pera aí: a senhora ganha R$ 1.300 por mês e quis ter dois filhos?”, disse ele. “Esses dois vão ter que resolver entre si quem vai cuidar do filho. Ou senão dá pra adoção. Se não pode cuidar, põe num abrigo, sei lá, faz uma coisa assim”, diz em outro trecho.

“Se ele é mau pai, eu não tenho culpa. Eu vou fazer o quê? Vou pegar este negão e encher ele de tapa? Não é meu trabalho este”, afirma.

Veja trechos da audiência:

Audiência de F.

No caso de F., que tinha uma advogada mulher, o caso é ainda pior. Por vezes, Azevedo não deixa a advogada e F. completarem suas frases.

Azevedo ainda grita após F. comentar com a advogada que acha que o juiz está favorecendo o ex-marido. Se dizendo muito ofendido, o juiz a chama de ”uma qualquer” e insinua mais de uma vez que ela precisa de terapia: “A senhora tá nervosa, ansiosa, eu entendo”. Ele chega a ameaçar processá-la.

“Eu tô sendo desacatado! Não ouvi a senhora falar desculpa. O que eu tô comentando aqui é uma falta técnica, eu não tô defendendo marmanjo, não, não sou advogado. A senhora tá me ofendendo, eu não tô batendo palma pra louco dançar. Ele tá muito bem patrocinado, a senhora acho que talvez. Vocês pediram a porcaria da petição!”, diz.

Em outros momentos, enquanto F. chora, o juiz fala sobre sua profissão e seu cargo: “Pra mim é indiferente se eu decidir 10 sentenças ou cinco ou não fazer nada, meu salário é o mesmo”.

Veja trechos da audiência:

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