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Jornal francês diz que EUA treinaram a Lava Jato para se beneficiar

Reportagem argumenta que os norte-americanos tiveram impacto fundamental na Lava Jato

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Ex-ministro Sergio Moro
1 de 1 Ex-ministro Sergio Moro - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Os Estados Unidos teriam alimentado e usado a Operação Lava Jato em benefício próprio, segundo reportagem do jornal francês Le Monde. O texto, publicado no sábado (10/4), destrincha ações do governo americano que teriam tido impacto fundamental na maior ação de combate à corrupção no país.

Entre as táticas que teriam sido ensinadas pelos Estados Unidos e importadas para o Brasil estão as delações premiadas e o envolvimento social na causa. “Para que o Judiciário possa condenar alguém por corrupção, é preciso que o povo odeie essa pessoa“, teria orientado a agentes da Polícia Federal, em 2009, Karine Moreno-Taxman, da embaixada dos EUA.

“A sociedade deve sentir que ele realmente abusou de seu cargo e exigir sua condenação”, seguiu a especialista em combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo na conferência anual dos agentes da Polícia Federal brasileira, em Fortaleza.

A doutrina norte-americana incluiria também formação de grupos de trabalho e compartilhamento “informal” de informações.

Os autores da reportagem, Nicolas Bourcier e Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris, fazem um histórico que começa com incômodo das autoridades norte-americanas em 2007, no governo Bush, com a falta de colaboração de diplomatas brasileiros no programa de combate ao terrorismo.

A partir desse ponto, eles mostram como agentes teriam driblado a posição oficial do Itamaraty ao buscar órgãos de combate à corrupção e oferecer treinamento.

Uma das peças-chave dessa história é o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, que foi convidado em 2007 para participar de encontro com departamento de relações internacionais nos EUA.

De acordo com eles, em 2015, em meio à crise política no Brasil, Leslie Backshies, chefe da unidade internacional do FBI e encarregada de ajudar a operação no Brasil, teria afirmado que “os agentes devem estar cientes de todas as ramificações políticas potenciais desses casos, de como casos de corrupção internacional podem ter efeitos importantes e influenciar as eleições e cenário econômico”.

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