IML não conclui se menino de 4 anos morreu por picada de escorpião

Criança morreu depois de sofrer nove paradas cardíacas em Pires do Rio (GO). Laudo não confirma motivo do óbito divulgado pelo município

Cleomar Almeida
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Goiânia – O laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML) não determinou a causa da morte de um menino de 4 anos, que morreu no dia 17 de abril deste ano, em Pires do Rio, no sudeste de Goiás. Há a suspeita de que picada de escorpião poderia estar entre as causas. No entanto, a Polícia Técnico-Científica informou que a definição do motivo do óbito ainda depende de resultados de exames de laboratório. A família quer investigação da Polícia Civil.

Segundo a Vigilância Sanitária de Pires do Rio, Davi Lucca Ferreira Borges teria morrido após ser picado na cabeça, por escorpião, na casa em que morava. Ele sofreu nove paradas cardíacas. No entanto, o laudo cadavérico apontou que não foram identificadas lesões externas ou internas que justifiquem a morte e, por isso, a causa ainda é indeterminada.

O Metrópoles não obteve retorno da Vigilância Sanitária do município até a publicação desta reportagem.

Ainda sem respostas

De acordo com o laudo do IML, algumas questões ainda precisam ser desvendadas. Veja, abaixo:

  • Quando surgiu a suspeita de acidente escorpiônico?
  • Quando se iniciaram os sinais de deterioração cardiovascular?
  • Em que momento o menino recebeu soro antiveneno?
  • A criança apresentava alguma patologia prévia conhecida que pudesse justificar a alteração glicêmica ou insuficiência cardíaca?
Suspeita

A mãe da criança, Renata Ferreira Cardoso, pediu investigação da Polícia Civil da cidade, na quarta-feira (5/4). Ela suspeita que a picada do escorpião não foi a causa da morte do filho, já que, conforme disse, não viu o animal.

“Ele estava só vomitando, foi depois do primeiro atendimento que ele piorou. Meu filho não está aqui mais e eu espero justiça. Sinto muita falta do meu menininho. A saudade está cada dia pior”, afirmou a mãe ao G1.

O delegado de Pires do Rio, Elton Fonseca, disse que espera receber o laudo do IML para iniciar a investigação do caso. “Vamos unir depoimentos e juntar os laudos médicos para abrir um inquérito”, antecipou.

A Secretaria Municipal de Pires do Rio (SMS) informou que, apesar de não haver certeza sobre a causa da morte do menino, os sintomas apresentados por ele eram característicos de reação alérgica grave por picada de escorpião. A pasta informou que não teve acesso ao laudo do IML e que vai entrar em contato com a mãe da criança.

“No primeiro atendimento, ele foi medicado com bromoprida, pois apresentava um quadro de vômito, ele teve uma melhora, mas piorou”, disse o secretário municipal de Saúde de Pires do Rio, Bruno Maia, ao portal de notícias.

De acordo com o secretário, ao retornar à unidade com sintomas de hipoglicemia, baixa saturação e irritabilidade, a criança recebeu medicação hidrocortisona e, posteriormente, o soro antiescorpiônico. “Não houve reação com o soro. O laudo anatomopatológico vai revelar qual substância causou essas alterações”, acrescentou ele.

Entenda o caso

Segundo família, o menino acordou na madrugada de 17 de abril com vômito e reclamando de dor de cabeça. Ele foi levado para o Hospital Municipal de Pires do Rio. Por causa dos sintomas, com glicemia de 390, o médico desconfiou de picada por escorpião.

O médico, então, de acordo com a mãe, passou uma injeção para vômito e dor de cabeça, que eram as queixas no primeiro atendimento. No entanto, depois de retornar para casa, a criança piorou.

A unidade médica de Pires de Rio solicitou uma vaga de unidade de terapia intensiva (UTI) e, horas depois, o menino foi transferido para o Hospital de Doenças Tropicais (HDT), em Goiânia.

As duas cidades ficam a 145 quilômetros de distância. Ele sofreu paradas cardíacas durante todo o atendimento médico. Já na capital, Davi Lucca sofreu a nona parada e morreu.

O Metrópoles não obteve retorno do HDT.

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