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Homem baleado em ação policial lembra: “Diziam que eu sangraria até morrer”

O angolano Gilberto Andrade de Costa Almeida, de 26 anos, é técnico em radiologia, mora em Anapólis (GO) e estava de férias em Cachoeirinha

atualizado

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Arquivo pessoal
Gilberto angolano baleado
1 de 1 Gilberto angolano baleado - Foto: Arquivo pessoal

O angolano Gilberto Andrade de Costa Almeida, de 26 anos, é técnico em radiologia, mora em Anapólis (GO) e estava de férias no Rio Grande do Sul com a amiga Dorildes Lartinho, de 56 anos, em Cachoeirinha. Quando voltavam do litoral gaúcho, o motorista que transportava eles foi perseguido pela polícia.

Luiz Carlos Pail Junior, motorista de aplicativo — foragido da Justiça por tentativa de feminicídio —, levava Gilberto e Dorildes de volta à cidade quando avançou um sinal vermelho e passou a ser perseguido por uma viatura do 17º Batalhão da Polícia Militar (BPM). Ele abandonou o carro, tentou fugir a pé, mas foi capturado. Gilberto e a amiga continuaram no carro e antes que pudessem dizer que eram passageiros, a polícia atirou neles.

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De acordo com a reportagem do portal Gaúcha Zero Hora, Dorildes está internada na UTI e o angolano passou 12 dias na Penitenciária Estadual de Canoas. O delegado Eduardo Limberg do Amaral definiu que Gilberto não estava armado e que ele não revidou à abordagem.

Gilberto falou com o portal e relatou como foram os dias que passou preso. “Foi um sentimento de muita tristeza. Como todo mundo já sabe, eu era inocente. E um sentimento de revolta também, de dor. Muita pressão psicológica. Coisas terríveis, muito ruins”. Ele contou ter ficado numa cela sozinho: “E muito imunda. Se fazia tudo ali, as necessidades fisiológica, comer e dormir. Era chão de concreto. Foi muito doloroso”.

Ele descreveu, também, o que ocorreu quando foi baleado. “Assim que botamos o pé fora (do carro), começaram muitos disparos. Foram vários disparos. Foi terrível. (…) Quando eu vi que estava ferido, já caído, eu comecei a gritar que era inocente, estrangeiro, que não havia feito nada de errado. E eles diziam: ‘Tu vai sangrar até morrer. Capeta. Exu do caralho.’ Depois de ferido, me algemaram, deram chute na cara. E diziam que eu iria sangrar até morrer.”

Quando questionado se achava que havia sofrido racismo e xenofobia ele negou. “A mulher que estava comigo não é negra, é branca. Ela precisa de orações neste momento porque está na UTI. Não acho que tenha sido racismo”, opinou Gilberto.

O comandante do 17º Batalhão da Polícia Militar, major Luís Felipe Neves Moreira, afirmou que até o fechamento do inquérito policial militar prefere não se manifestar para ser o “mais correto e imparcial possível”.

“Se houve erro, vai ser apurado. Se não houve, também”, disse o major. De acordo com ele, foram disparados 35 tiros pelos três policiais que participaram da ação.

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