Guerra na Ucrânia: entenda como conflito afeta mercado brasileiro

Brasil depende de fertilizante e adubo russos. Acirramento da guerra na Ucrânia preocupa agronegócio do país

Judite Cypreste
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A guerra entre Ucrânia e Rússia deixou o agronegócio brasileiro em alerta devido ao impacto que o conflito pode causar no mercado internacional. Isso porque a Rússia é o 6° país que mais exporta para o Brasil.

A Rússia é considerada peça-chave para a agricultura brasileira, já que é uma das maiores vendedoras de fertilizantes do mundo. Cerca de 20% do insumo utilizado no país por ano é importado dos russos.

Além disso, 65% do adubo usado por aqui vem da Rússia. Em seguida, está o carvão (21%). Os números são da Comex Stat, plataforma do Ministério da Economia que contém informações sobre o comércio exterior de bens do Brasil.

Segundo o presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o item que mais pode afetar a economia brasileira é o adubo.

Para Castro, a falta do produto afetaria diretamente a linha de produção agrícola. “[O adubo] é uma moeda de troca importante. É impossível para o Brasil ficar sem”, diz o especialista. Ele explica que, com a queda de oferta do produto, os alimentos poderão ficar ainda mais caros.

Uma recomendação feita pelo Ministério do Comércio e da Indústria da Rússia pode piorar ainda mais este cenário. Na última sexta-feira (4/3), o órgão sugeriu aos seus produtores de fertilizantes que suspendam temporariamente as exportações do produto, como forma de reagir às sanções impostas pelos Estados Unidos e por países da Europa devido à invasão da Ucrânia.

A falta de adubo e fertilizante pode afetar drasticamente a produção de outro produto que é considerado carro-chefe do agronegócio brasileiro: a soja. O insumo abastece o mercado interno com óleo comestível e óleo para produção de biodiesel, além de ser utilizado na alimentação de suínos e aves. A exportação de soja brasileira totalizou US$ 38.638,73 bilhões no ano passado.

As sanções econômicas sofridas pelos russos também devem impactar o mercado brasileiro, principalmente a exclusão do país do maior sistema bancário mundial, o Swift. Os exportadores brasileiros podem enfrentar problemas para receber os produtos vendidos ao exterior.

“Eles [Rússia] não vão conseguir vender nada. Não conseguem com estas sanções”, diz Castro.

Estoque de fertilizantes

Na última quinta-feira (3/3), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou que os preços dos alimentos no Brasil deverão ter alta devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. “Tudo vai depender do tempo [de duração da guerra]. A gente tem que diminuir esses impactos, achar alternativas para ter o fornecimento. O preço [quem faz] é o mercado”, explicou.

Sobre o adubo, a titular da pasta afirmou que o país tem “estoque de passagem de fertilizante num volume suficiente para chegar a outubro”. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), entretanto, afirmou no mesmo dia que o setor de fertilizantes nacional possui estoques do insumo para apenas mais três meses.

Para piorar, o agronegócio brasileiro não vive um bom momento. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apesar de o PIB ter crescido 4,6% em 2021, o agro apresentou recuo de 0,2% no período. Os principais motivos para a queda do setor foram a estiagem prolongada e as geadas. A cana-de-açúcar recuou 10,1%; milho, 15%; e café 21,1%.

Entenda o que é a Otan e o papel dela no cenário político-militar:

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Divulgação/Otan Receba notícias do Metrópoles no seu Telegram e fique por dentro de tudo! Basta acessar o canal: https://t.me/metropolesurgente.
Otan é a sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar intergovernamental criada em 4 de abril de 1949, após o final da Segunda Guerra Mundial
Os países signatários do tratado, na época, eram a Bélgica, França, Noruega, Canadá, Islândia, Países Baixos, Dinamarca, Portugal, Itália, Estados Unidos, Luxemburgo e Reino Unido
Quando criada, reunia países ocidentais e capitalistas, liderados no contexto da bipolaridade formada entre os Estados Unidos (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no período da Guerra Fria
A Otan tinha por objetivos impedir o avanço do bloco socialista no continente europeu, fazendo frente à URSS e a seus aliados da Europa Oriental, além de fornecer ajuda mútua a todos os países membros
A aliança era baseada em três pilares: a defesa coletiva dos Estados membros, impedir o revigoramento do militarismo nacionalista na Europa, e encorajar a integração política europeia
O período de bipolaridade entre EUA e URSS dividiu o mundo. Os dois países e seus respectivos aliados mantinham-se em alerta para eventuais ataques bélicos
A Otan investiu em tecnologia de defesa, na produção de armas estratégicas e também espalhou pelas fronteiras soviéticas sistemas de defesa antimísseis
Na fase final da Guerra Fria, a organização passou a assumir novos papéis. Em 1990, sob ordem do Conselho de Segurança da ONU, a Otan interveio no conflito da ex-Iugoslávia. Foi a primeira vez que agiu em território de um Estado não membro
Em 2001, a Otan anunciou a aplicação do princípio da segurança coletiva: um ataque feito a um país membro seria um ataque contra todos os demais
Como os ataques terroristas ocorridos em setembro de 2001 foram considerados atos de guerra pelo governo norte-americano, a cláusula foi acionada. Por esse motivo, a organização participou da invasão ao Afeganistão
Além de ver o terrorismo como nova ameaça, a Otan colaborou com operações de paz e realizou ajuda humanitária, como aos sobreviventes do furacão Katrina, em 2005
Soldados da Otan também realizaram operações militares em zonas conflituosas do mundo, como o Bálcãs, o Oriente Médio e o norte da África
Atualmente, a aliança é composta por 32 países, localizados principalmente na Europa
Bósnia e Herzegovina, Geórgia e Ucrânia são os três países classificados como “membros aspirantes” à organização. Porém, para a Rússia, a perspectiva da antiga república soviética Ucrânia se juntar à Otan é impensável

 

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