GO: PM pede prisão de policiais que abordaram homem achado morto

Polícia Civil de Goiás investiga caso e suspeita que militares podem ter forjado confronto com a vítima, na semana passada, em Goiânia

Cleomar Almeida
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Goiânia – A Polícia Militar de Goiás pediu à Justiça Militar, na segunda-feira (15/8), a prisão provisória dos policiais militares que abordaram um homem de 28 anos, encontrado morto depois de ser filmado sendo colocado em uma viatura horas antes, na semana passada, na capital goiana. Vídeo de câmeras de segurança registrou o momento em que o Henrique Alves Nogueira foi colocado pelos PMs dentro da viatura.

Veja vídeo da abordagem:

De acordo com os autos, o pedido de prisão apresentado à Justiça Militar é referente a outros crimes que podem ter ocorrido durante a abordagem. Portanto, a solicitação não está relacionada à morte de Henrique, já que crimes de homicídio são julgados pela Justiça comum, passando pelo Tribunal do Júri.

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Polícia Militar pede prisão de PMs que abordaram jovem achado morto após ser filmado sendo colocado em viatura, em Goiânia , Goiás
Henrique, de 28 anos, foi morto pela polícia em Goiás
Henrique, de 28 anos, foi levado em viatura e morto horas depois
Câmera flagrou momento em que Henrique foi levado em viatura, pouco antes de morrer

Em regra, a Justiça Militar recebe pedido de prisão de PMs quando a corporação suspeita que possa haver indícios de desvios de conduta do chamado Procedimento Operacional Padrão (POP) adotado pelos PMs, como o abuso de autoridade.

Os policiais em questão são os quatro que, segundo a Polícia Civil, estão envolvidos na ocorrência que resultou na morte de Nogueira. A viúva do autônomo disse que quer justiça e que o marido foi vítima de “execução”. Ele foi encontrado morto em uma estrada de terra da capital goiana na noite de quinta-feira (11/8) em um suposto confronto com a PM.

Três policiais aparecem na filmagem registrada por câmeras de segurança na quinta-feira (11/8), colocando Henrique no porta-malas da viatura, por volta das 8 horas. Ele foi encontrado morto na noite do mesmo dia, em um local que fica a14 km de onde ele foi colocado na viatura. Depois da abordagem, ele perdeu contato com a família.

Segundo nota enviada pela PM, os policiais foram afastados de suas funções e foi determinada a abertura de um inquérito interno para apurar a conduta dos agentes.

O Metrópoles não encontrou contato da defesa dos suspeitos até o momento em que este texto foi publicado, mas o espaço segue aberto para manifestações.

Entenda o caso

O autônomo saiu de casa na manhã de quinta para deixar o filho na escola, segundo o advogado da família Alan Araújo Dias. Na volta, passou em uma oficina e logo depois foi abordado por uma equipe do Patrulhamento Tático do 7º Batalhão da PM, enquanto caminhava em uma rua do Jardim Europa, região sudoeste da capital de Goiás.

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram o momento em que Henrique, de camisa branca e boné preto, é colocado no camburão da viatura. Nas imagens aparecem três policiais. É a mesma equipe e o mesmo carro policial que horas mais tarde alegou ter matado Henrique em um confronto, segundo o delegado que investiga o caso, André Veloso, da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH).

Segundo a Polícia Civil, os policiais militares não encontraram drogas e armas com o autônomo quando o abordou na manhã de quinta e o levou na viatura.

No entanto, durante a noite, apresentou uma arma e drogas que estariam com ele, em uma estrada de terra no bairro Real Conquista, também em Goiânia. A versão dos PMs é que o jovem atirou nos policiais enquanto fugia em uma moto. O piloto teria conseguido escapar.

Antes de descobrir que Henrique estava morto, a família não conseguiu contato com ele por celular e chegou a fazer um boletim de ocorrência por desaparecimento.

A defesa entende que o autônomo pode ter sido torturado antes de ser morto, dado o tempo que ficou desaparecido. “O laudo prévio (da morte) diz que tem lesões no corpo, o que indica que são sinais de tortura”, avaliou o advogado da família. O delegado disse que é preciso esperar o laudo cadavérico para dizer que houve algo assim. O jovem estava com a mesma roupa da manhã, quando foi achado morto.

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