metropoles.com

“Ficamos sem chão”, diz parente de um dos meninos de Belford Roxo

Familiares estão revoltados com a crueldade de traficantes do Castelar, que torturaram e executaram os meninos. Corpos seguem desaparecidos

atualizado

Compartilhar notícia

Divulgação/Polícia Civil
Na montagem de fotografias coloridas, as três crianças aparecem posando para fotos
1 de 1 Na montagem de fotografias coloridas, as três crianças aparecem posando para fotos - Foto: Divulgação/Polícia Civil

Rio de Janeiro – O anúncio do fim do inquérito e a confirmação da morte dos três meninos desaparecidos em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, incluindo os detalhes da tortura que resultou no triplo homicídio, devastou as famílias das crianças. O parente de um dos meninos sumidos, o pequeno Lucas Matheus, de 9 anos, enumera ódio, revolta e tristeza como os sentimentos que se instalaram entre os familiares.

Para a conclusão do inquérito, a Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou nessa quinta-feira (9/12) uma operação com o objetivo de reunir as informações e prender quem falta para finalizar a investigação das mortes de Lucas Matheus, de 9 anos; Alexandre da Silva, de 11 anos; e de Fernando Henrique, de 12.

0

“Meu sentimento ao saber do que tinha acontecido foi de ódio, de revolta, de tristeza. Nós dormimos pouco ontem. Não conseguimos dormir direito. Ficamos sem chão. A gente não queria acreditar. Agora, a gente sabe que as crianças não voltam mais”, lamenta o parente, que preferiu não ser identificado por medo de perseguição, em entrevista ao Extra.

As crianças desapareceram em 27 de dezembro de 2020. Quase um ano depois, a investigação apontou que um dos meninos morreu enquanto era torturado e, por isso, os outros dois foram executados. O crime teria sido comandado por uma mulher, a traficante conhecida como Tia Paula. Ela ordenou que os corpos fossem jogados em um rio próximo à região, conforme as investigações.

Operação prende 33 pessoas

A motivação do crime, de acordo com a polícia, teria sido o envolvimento dos meninos no furto de uma gaiola de passarinho. “A gente fica sem entender. Se eles tivessem feito algo de errado, por que não falaram com os pais? Familiares? O que fizeram foi uma crueldade”, questiona a familiar.

Ao todo, 33 mandados de prisão dos 56 expedidos foram cumpridos nesta quinta-feira – 15 deles contra criminosos que já estavam presos por outros crimes. De todos os bandidos identificados, pelo menos cinco deles teriam envolvimento direto na morte dos meninos, no entanto, três já estariam mortos.

“Agora, nossa busca é pelo corpo. Queremos saber onde eles estão. Vamos fazer uma passeata dia 27 deste mês, na comunidade. Vamos todos nós de branco, com cartazes, pedindo pelo menos um pouco de paz”, completa a parente.

Compartilhar notícia