“Exemplo para brasileiros”, diz membro da Mocidade sobre Elza Soares

Em 2020, Elza Soares foi homenageada em desfile da escola de samba, da qual já cantou samba-enredos e participava ativamente

Hyndara Freitas
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A Mocidade Independente de Padre Miguel decretou luto de três dias em homenagem a Elza Soares, que morreu nesta quinta-feira (20/1), aos 91 anos. Rodrigo Coutinho, que é assessor de imprensa da escola de samba do Rio de Janeiro e conviveu com a cantora, disse que ela “é um exemplo para todo brasileiro”.

Ele revelou que a última vez que falou com a artista foi há cerca de três meses. “Estávamos fechando a participação dela no desfile deste ano. Ela seria destaque em uma das alegorias, estávamos decidindo a cadeira em que ela iria desfilar, o horário”, contou.

No Carnaval de 2020, Elza foi homenageada pela Mocidade. Aos 89 anos, desfilou como destaque do último carro alegórico, e o enredo da agremiação contou a história de sua vida.

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Elza Gomes da Conceição nasceu na favela carioca de Moça Bonita, em 23 de junho de 1930
Aos 91 anos, no dia 20 de janeiro de 2022, Elza faleceu de causas naturais, em casa. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da cantora
Ao todo, Elza teve sete filhos. Aos 21 anos, Elza já era viúva do primeiro marido e tinha perdido dois de seus filhos, que morreram de fome
"A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo o mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim"
Mesmo com a dor, Elza presenteou o mundo com seu jeito único de cantar. Ela se tornou uma das maiores cantoras da história da música popular brasileira. Iniciou a trajetória nos concursos de rádio, no anos 1950. Nas décadas seguintes, construiu uma grande trajetória no samba
Ao longo da brilhante carreira, Elza Soares lançou 34 discos e, nos anos mais recentes, aproximou-se de sons contemporâneos, como o hip-hop e a música eletrônica
O disco A Mulher do Fim do Mundo foi eleito pelo jornal The New York Times como um dos 10 melhores do ano de 2016. O último álbum dela foi Planeta Fome, lançado em 2019
Em 1963, ela gravou a canção Eu Sou A Outra, sobre o assunto, sacudindo a sociedade conservadora do Brasil
A morte da cantora ocorre exatos 39 anos depois da morte de Garrincha, com quem ela foi casada
Elza Soares e Garrincha, ídolo do Botafogo, viveram um romance cheio de altos e baixos de 1966 a 1982. O relacionamento entre eles começou escondido, pois Garrincha era casado na época e a cantora foi taxada de amante do jogador e responsável pelo fim do matrimônio anterior dele.A paixão entre os dois durou 17 anos e eles tiveram um filho, Júnior, que morreu em 1986, em um acidente de carro

No Carnaval de 2020, Elza foi homenageada pela Mocidade. Aos 89 anos, a cantora desfilou como destaque do último carro alegórico, e o enredo do desfile foi a história de sua vida.Rodrigo conta que ela tinha uma “energia muito diferente” e destaca sua trajetória de vida.

“Uma pessoa que venceu muitas barreiras na vida, uma mulher negra, de favela, abandonada muito nova, que não tinha nem roupa para ir ao programa de televisão e ser caloura, e mesmo assim conseguiu encaminhar a carreira. E passar por tudo que passou depois, ao longo da vida, e morrer em plena atividade. Foi homenageada pela escola de coração, teve musical com bilheteria estourada contando a vida dela, fez show lotado em tudo quanto é lugar, lançou música. Uma pessoa que tem que servir de exemplo para todo brasileiro”, afirmou ao Metrópoles.

“Há muito tempo ela convive com a escola, era cantora da escola, morava atrás da quadra, até demorou a acontecer a homenagem. Quando aconteceu, em 2020, ela ficou muito animada, se dispôs a ajudar, participou ativamente, mesmo bem idosa”, contou Coutinho.

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