Empregados de call center que atende a Caixa: “Falta até sabão”

Funcionários se queixam da falta de limpeza nas mesas de atendimento, que são rotativas, além da falta de ventilação natural nas salas

Gabriela Vinhal
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Funcionários de uma empresa que fornece serviços de telemarketing à Caixa Econômica Federal relatam más condições de higiene durante trabalho presencial em época de pandemia de coronavírus. Além da distância entre as mesas não ser de, no mínimo, 1,5 metro – como recomenda o Ministério da Saúde – reclamam da falta de álcool em gel e de sabonete nos banheiros da firma.

O nome da empresa é BS Service e seu contrato com o banco estatal é de R$ 105 milhões por 24 meses. Funcionários ouvidos pelo Metrópoles contam que, até o começo da semana, a empresa só liberou gestantes do trabalho em meio ao aumento do contágio do novo Covid-19. Até essa segunda-feira (23/03), havia pelo menos 1.891 casos e 34 mortos em decorrência da enfermidade. Entretanto, havia pessoas do grupo de risco com doenças crônicas – como bronquite e asma – que não foram liberadas de ir ao trabalho.

Outra reclamação dos funcionários é sobre a higienização nas mesas de atendimento. Uma funcionária, que preferiu não ser identificada com medo de retaliações, falou à reportagem que os postos são rotativos. Ou seja, todos compartilham as mesas, os computadores e os telefones. Sob o risco de serem infectados com o vírus, levam de casa os próprios produtos.

A recomendação da pasta da Saúde é manter as mãos frequentemente limpas, seja por sabão ou por álcool em gel, além de superfícies de contato, porque o vírus sobrevive por tempos distintos a depender do material. Para combater o contágio, é necessário ainda manter um distância preventiva de outra pessoa, porque muitas vezes a infecção é assintomática.

“Estamos indo trabalhar e ficando aglomerados. Não tem ventilação além do ar-condicionado, portas de saída de emergência lacradas por braçadeiras e mesas que não respeitam a distância exigida”, queixou-se outro funcionário, que também não quis ter a identidade revelada. Como não são servidores, eles não têm estabilidade no trabalho e podem ser demitidos como qualquer trabalhador da iniciativa privada.

O outro lado
Ao Metrópoles, a empresa informou que “preza pela qualidade de vida dos colaboradores e, em épocas de crise, como a da pandemia, aumentou ainda mais os cuidados seguindo todas as orientações do Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

Ela afirmou que medidas foram adotadas para manter a segurança dos empregados, como o “afastamento de todas as funcionárias grávidas, dos colaboradores com mais de 60 anos e das pessoas com doenças crônicas; o reforço na limpeza de todas as instalações do call center; o distanciamento entre os funcionários; e o envio de comunicado com as orientações de prevenção do COVID-19”.

A empresa disse ainda que a central dispões de sabão líquido e, devido à falta de álcool em gel no mercado, ele foi substituído por álcool líquidos 70%. Além de ter reforçado o estoque de todos os produtos de limpeza para garantir a higiene do local.

“Reforçamos que, em época de pandemia, alguns serviços não podem ser suspensos, entre eles o Call Center. Nossa atividade foi classificada pelo Governo Federal como essencial, de acordo com o Decreto 10.282”, justificou.

“A BS Service  é feita por pessoas e sabemos que cada um tem um papel muito importante para mitigar a propagação do vírus no Brasil. Temos consciência da importância do nosso papel como geradores de renda de mais de 1.000 famílias da capital, mas maior que isso nesse momento é a saúde mundial”, completou.

Contrato
O contrato da BS Service, firmado com a Caixa por meio de um pregão eletrônico, foi publicado no Diário Oficial da União, na edição do dia 21 de maio de 2019. A vigência do contrato é de dois anos e tem fim em 16 de maio de  2021.

Entre os serviços prestados pela empresa, cujo nome oficial é BS Tecnologia e Serviços LTDA, estão o atendimento de multisites (localidades de serviços interligadas), tratamentos de ocorrências de produtos e sistemas do banco e tratamento de informações gerenciais e as atividades acessórias na Centralizadora Nacional de Atendimento em Telesserviços em Brasília.

Questionada, a Caixa enviou uma nota à reportagem:

A CAIXA informa que a rotina de limpeza das unidades onde funcionam os call centers será intensificada, passando de três para seis vezes ao dia, sendo realizada nas trocas de turno e em todos os demais períodos de trabalho.

 Sobre a distância entre prestadores, o layout da unidade está em acordo às exigências legais e, em virtude da pandemia COVID-19, o gestor determinou a redução de efetivo, ficando desocupada a estação de trabalho existente entre 2 mesas, a fim de garantir o espaço mínimo determinado pelo Ministério da Saúde.

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