Em meio a crise, governo anuncia demissão do presidente do INSS

Renato Vieira deixa o cargo em momento marcado por fila de 2 milhões de pedidos de benefícios. Substituto será Leonardo Rolim

Gabriela Vinhal ,
Thayná Schuquel
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O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou nesta terça-feira (28/01/2020) a saída do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Renato Vieira, do cargo. O substituto será Leonardo Rolim, até então secretário de Previdência do Ministério da Economia.

Segundo Marinho, em conversa com Vieira, ele mesmo mostrou “disposição” em sair do INSS e se dedicar a projetos próprios. A demissão será publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29/01/2020).

“Ano passado foi bastante intenso, este ano será muito desafiador. O Renato acha que precisa se dedicar a seus projetos, e nós aceitamos sua demissão. Comunicamos ao [ministro da Economia] Paulo Guedes e [ao presidente da República Jair] Bolsonaro, e amanhã haverá consolidação desse ato, com indicação do seu substituto”, declarou Marinho em coletiva de imprensa.

A ideia, explicou o secretário especial, é que não haja descontinuidade no trabalho iniciado por Vieira começou em 2019. Com a ida de Rolim ao INSS, Marinho deverá nomear outra pessoa como secretário de Previdência. No entanto, ainda não há definição de quem ocupará o posto.

“O substituto do Rolim, nós vamos, com um pouco mais de cuidado, buscar esse nome. Existe todo um corpo técnico na Secretaria de Previdência capaz de aguardar esse substituto. A prioridade é o INSS e não podemos ter descontinuidade”, completou Marinho.

A saída de Vieira ocorre em meio a uma fila de cerca de 2 milhões de pedidos de análise de benefícios. Para tentar resolver o problema, o governo chegou a anunciar um plano de contratar ou convocar militares da reserva para fazerem uma força-tarefa e diminuírem essa fila.

Tentativas frustradas

Para acelerar a análise de benefícios no segundo semestre de 2019, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pagou bônus de produtividade e designou servidores para os regimes de trabalho semipresencial e de teletrabalho. Não adiantou.

A autarquia também aumentou para 7,8 mil o número de servidores dedicados exclusivamente à análise de benefícios. No primeiro semestre de 2019, eram 3 mil, segundo o próprio instituto.

Desde a implantação do INSS Digital, em 2018, a autarquia enfrenta uma situação ainda mais drástica: enquanto a demanda aumentou, a produtividade na análise de benefícios diminuiu.

Hoje, o INSS tem quase 2 milhões de processos parados há mais de 45 dias – prazo legal para analisar os benefícios.

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