Em ato no DF, Anistia Internacional pede redução das mortes de negros
Ação reuniu jovens de cada uma das regiões do país. Ativistas levaram caixão ao Ministério da Justiça para simbolizar alto índice de mortes
atualizado
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A Anistia Internacional e um grupo de jovens negros ativistas entregaram, nesta quarta-feira (6/12), para o Ministério da Justiça, as presidências do Senado e da Câmara, e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, um manifesto com mais de 60 mil assinaturas, em uma ação em Brasília. O protesto pede um plano nacional de redução de homicídios com foco na proteção de jovens negros e políticas afirmativas para a promoção de direitos entre a juventude negra.
Em frente ao Ministério da Justiça, manifestantes retiraram de um caixão objetos como bolas, skates, cadernos, fones de ouvido e tênis com referências à campanha Jovem Negro Vivo no Brasil, e realizaram um ato-performance no qual expuseram políticas públicas que gostariam de ver implementadas pelas autoridades, tanto na área de segurança pública quanto nas de saúde, educação, moradia e outros direitos violados diariamente na vida da juventude negra no país.
A diretora-executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, esteve no ato de entrega simbólica do manifesto Jovem Negro Vivo. “É muito importante que jovens como a Antonella, o Joel, o Alejandro, a Blenda e o Bruno, vindos cada um de uma das regiões de um país continental como o nosso, possam apresentar suas reivindicações ao Estado brasileiro.”
Segundo Werneck, as autoridades brasileiras, o Ministério da Justiça e as forças de segurança pública precisam adotar medidas urgentes para reduzir as taxas de homicídios de jovens negros no país e para combater o racismo estrutural na sociedade e dentro das instituições públicas. “A vida deles não pode estar à mercê de vontades políticas individuais. Uma política de redução de homicídios e de proteção da vida da juventude negra deve ser uma política de Estado e é urgente”, pontuou a diretora da Anistia Internacional.
Durante a manifestação, os jovens pediram ações como: o fim da violência policial e dos chamados “autos de resistência”; melhor qualificação dos agentes de segurança, para garantir uma segurança pública mais cidadã; políticas para o enfrentamento ao racismo estrutural e institucional; e a implantação do ensino de direitos humanos nas escolas.
“É preciso que o Ministério Público realize ações preventivas em favelas com alto índice de violência. Além disso, é urgente a desconstrução da criminalização da periferia justificada com o argumento da chamada ‘guerra às drogas’. Deve haver estabelecimento de critérios para que incursões policiais considerem o cotidiano das pessoas e preservem a segurança e a vida dos moradores”, afirmou Joel Luiz, advogado criminal e morador do Jacarezinho, no Rio.
Os ativistas presentes no ato apontaram ainda recomendações no sentido da preservação da vida das mulheres negras. “É fundamental expandir e fomentar redes de proteção à mulher negra, de forma que haja um preparo dos agentes públicos para agir corretamente diante dos casos de violência e que sejam levados em consideração todos os corpos que se consideram femininos, a fim de justificar políticas públicas para a redução destes homicídios”, disse Antonella Mondadori, advogada e militante do movimento negro. (Com informações da Anistia Internacional)