Se não vencer no 1º turno, houve algo “anormal” no TSE, diz Bolsonaro

Presidente afirmou que suas andanças pelo Brasil apontam para vitória em primeiro turno. Declarações foram dadas em Londres

Flávia Said
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O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que suas andanças pelo Brasil apontam para vitória em primeiro turno e que, em caso de derrota, é porque “algo de anormal” aconteceu dentro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), responsável pela realização do pleito e contabilização do resultado. O mandatário tem lançado dúvidas sobre o pleito desde 2021, antecipando possível contestação do resultado.

“Pelas minhas andanças pelo Brasil, em especial nos últimos dois meses, se nós não ganharmos no primeiro turno, algo de anormal aconteceu dentro do TSE”, afirmou o mandatário em entrevista ao SBT, exibida na noite de domingo (18/9).

Na mesma entrevista, Bolsonaro acrescentou que o “Datapovo”, demonstrado pelo apoio nas ruas, antecipa pelo menos 60% dos votos.

“Está bastante dividido, né? Muito mais favorável a mim. Eu digo, se eu tiver menos de 60% dos votos, algo de anormal aconteceu no TSE, tendo em vista, obviamente, o ‘DataPovo’, que você mede pela quantidade de pessoas que não só vão nos meus eventos como nos recepcionam ao longo do percurso até chegar ao local do evento”, completou.

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Desde eleito, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem travado grandes embates com a Justiça Eleitoral. Ele é, juntamente com aliados, uma das principais vozes no questionamento do processo brasileiro
A troca de farpas preocupa. Em tentativa de minimizar os conflitos, o ministro Luiz Fux, inclusive, tentou realizar reunião entre os três Poderes. Contudo, logo voltou atrás e cancelou o encontro declarando que o presidente da República insiste em atacar integrantes do STF e colocar sob suspeição o processo eleitoral brasileiro
A declaração de Fux foi feita após Bolsonaro voltar a ameaçar a realização das eleições de 2022
“É uma resposta de um imbecil. Lamento falar isso para uma autoridade do STF. O que está em jogo é o nosso futuro e a nossa vida, não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude”, disse o presidente
“Não tenho medo de eleições. Entrego a faixa para quem ganhar no voto auditável e confiável. Dessa forma, corremos o risco de não termos eleições no ano que vem”, declarou
Durante as lives semanais, o assunto é recorrente. Bolsonaro prometeu que apresentaria, em uma delas, prova de fraudes eleitorais que supostamente ocorreram em 2014. No entanto, acabou alegando que “não tem como comprovar que as eleições foram fraudadas” e, mesmo assim, prosseguiu atacando o sistema eleitoral
Em resposta, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, por unanimidade, portaria da Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral para a instauração de um inquérito administrativo contra Bolsonaro. Além disso, pediram ainda que o incluíssem em outro inquérito, o das fake news
Bolsonaro, por sua vez, criticou o inquérito e ameaçou o STF. “O meu jogo é dentro das quatro linhas, mas se sair das quatro linhas, sou obrigado a sair das quatro linhas. O Moraes, ele investiga, ele pune e ele prende. Se eu perder as eleições vou recorrer ao próprio TSE? Não tem cabimento”, afirmou em entrevista ao canal da Jovem Pan
Após a declaração de Bolsonaro, Alexandre de Moraes postou no twitter que “ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o STF de exercer sua missão constitucional de defesa e manutenção da democracia e do Estado de direito”
Jair Bolsonaro reclamou da retirada de veículos blindados
Como consequência da ação, o TSE enviou ao STF uma notícia-crime contra o presidente
Recentemente, o conflito entre Jair e o TSE ganhou novos capítulos. Isso porque Bolsonaro passou a estimular um clima de disputa entre o TSE e as Forças Armadas
Durante lives semanais, o chefe do Executivo federal acusou o TSE de “carimbar como confidenciais” sugestões dos militares para aprimorar a segurança das urnas eletrônicas e voltou a colocar em dúvida a segurança do sistema de contagem dos votos

As consultas de intenção de voto têm mostrado Bolsonaro na segunda colocação, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pesquisa Ipespe/Abrapel divulgada no sábado (17/9) aponta o petista com 45% das intenções de voto para a Presidência da República, ante 35% do atual titular do Palácio do Planalto.

Após pressão de Bolsonaro, a Justiça Eleitoral convidou as Forças Armadas para a Comissão de Transparência Eleitoral (CTE) e concordou em fazer um teste de integridade de urnas com participação de eleitores no dia da votação.

Comício

Horas antes da entrevista, Bolsonaro fez um comício para centenas de apoiadores da sacada da residência do embaixador brasileiro no Reino UnidoFrederico Arruda, pouco após o desembarque da comitiva presidencial brasileira em Londres. Na ocasião, Bolsonaro disse que será reeleito ainda no primeiro turno.

O presidente brasileiro participa do funeral da rainha Elizabeth II, ao lado de centenas de outros chefes de Estado.

Bolsonaro ficará apenas dois dias na cidade, em sua primeira viagem a Londres como presidente da República. Na tarde desse domingo (18/9), o titular do Palácio do Planalto visitou a Câmara Ardente do Parlamento inglês, onde assinou o Livro de Condolências da morte da monarca.

No fim da tarde do mesmo dia, o presidente seguiu para o Palácio de Buckingham. O rei Charles III recebeu, em evento especial, chefes de Estado de todo o mundo.

Na manhã da segunda-feira (19/9), Bolsonaro e mais outros 500 convidados – entre chefes de Estado, autoridades e famílias reais – sairão do Hospital Real, no bairro de Chelsea, para participar de outra solenidade. O local é uma construção histórica que servirá de concentração para o deslocamento dessas personalidades até a Abadia de Westminster, onde ocorrerá a cerimônia religiosa do funeral de Elizabeth II, às 11h (horário de Londres).

Após a celebração, Bolsonaro participará de recepção oferecida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, da Commonwealth e do Desenvolvimento do Reino Unido, James Cleverly. No fim da segunda-feira (19/9), o mandatário brasileiro seguirá para Nova York, onde discursará na abertura da 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU).

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