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O preço do seu voto. Quanto cada candidato a prefeito custou para os cidadãos

Os votos destinados aos sete prefeitos já eleitos e aos 36 que aguardam o 2º turno custaram mais de R$ 166,6 milhões em recursos públicos

atualizado

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Movimento na PUC, um dos maiores colégios eleitorais da cidade de SP eleicoes sao paulo zona eleitoral voto SP votacao6
1 de 1 Movimento na PUC, um dos maiores colégios eleitorais da cidade de SP eleicoes sao paulo zona eleitoral voto SP votacao6 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Não é à toa quando dizem que tudo tem seu preço. Nas eleições de 2020, chegar ao posto de prefeito ou candidato a segundo turno das capitais do 26 estados brasileiros foi tarefa árdua e dispendiosa.

De acordo com levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base nos balanços do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cada um dos 11.683.335 votos dos sete mandatários já definidos e dos 36 que aguardam o 2º turno, no próximo dia 29, custaram, em média, R$ 14,26 em recursos públicos do fundo eleitoral, distribuídos pelo TSE. Ao todo, o montante equivale a R$ 166.604.357,1‬0.

Os números foram obtidos por meio da divisão da quantidade de votos que os candidatos conquistaram pelos valores que cada um recebeu dos partidos. Na conta, o Metrópoles desconsiderou doações de pessoas físicas.

A realidade, no entanto, foi mais pesada em algumas capitais. Entre os sete prefeitos que já venceram a corrida eleitoral, por exemplo, os 46.243 tocantinenses que votaram em Cinthia Ribeiro (PSDB) foram os mais caros, custando R$ 36,84 por “confirma” na urna. No polo oposto do ranking, Marquinhos Trad (PSD), eleito em Campo Grande (MS), desembolsou R$ 1,43 de verba pública para cada um dos seus 218.418 apoiadores. 

Em relação aos políticos que ficaram para segundo turno, os eleitores de Ottaci (SD), candidato em Boa Vista (RR), inflacionaram a disputa, cada um valendo R$ 54,37 – o maior valor pago até agora. O custo do voto do adversário, Arthur Henrique (MDB), foi mais em conta: o emedebista recebeu 4,6 vezes mais votos e pagou 2 vezes menos por cada apoio nas urnas.

Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, cada paulistano a favor do atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), custou R$ 6,89 em recursos públicos. Já o custo de cada voto obtido por Guilherme Boulos (PSol) foi de R$ 2,52

Na contramão de todos, está o delegado federal Eguchi (Patriota), uma das opções dos moradores de Belém (PA), que não recebeu, segundo consta nos dados do TSE, sequer um centavo do partido.

Veja lista:

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“O grande financiador da campanha deste ano foi o fundo eleitoral. Foi o nome do jogo, ainda mais em campanhas nas capitais. Para conseguir voto em grandes cidades, com grande extensão geográfica, tem de gastar”, disse Victor Trujilo, professor especialista em marketing eleitoral. “No entanto, apenas recurso não elege ninguém. Vai depender também do potencial do candidato: carisma, histórico político e reputação. O valor do voto vai levar em conta esses fatores”, explica.

Fundo eleitoral

O Fundo Eleitoral foi criado em 2017 para compensar a proibição do financiamento empresarial de campanhas — pivô de inúmeros escândalos políticos. Desde então, tornou-se uma das principais fontes de receita para a realização das campanhas.

De acordo com a legislação, os recursos devem ser distribuídos pelo TSE aos diretórios nacionais dos partidos, que depois repartem entre os estaduais e municipais. São as legendas que decidem quais candidatos serão beneficiados e o valor a ser repassado.

O total de recursos distribuídos entre as 33 agremiações para o pleito deste ano, definido pela Lei Orçamentária Anual (LOA), soma R$ 2.034.954.823,96. O Partido dos Trabalhadores (PT) foi quem recebeu o maior montante, mais de R$ 201 milhões, seguido pelo Partido Social Liberal (PSL), cerca de R$ 199 milhões, e pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), aproximadamente R$ 148 milhões.

Duas legendas comunicaram à Justiça Eleitoral a decisão de abrir mão dos recursos do fundo para financiar as campanhas políticas de seus candidatos a prefeito e a vereador nas Eleições 2020: o Novo e o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB).

Segundo artigo do economista Bruno Carazza, autor do livro Dinheiro, eleições e poder: as engrenagens do sistema político brasileiro, as mudanças recentes na legislação eleitoral não equalizam as candidaturas e ainda permitem a manutenção de famílias tradicionais no poder.

“Mesmo com o TSE determinando que esse dinheiro seja distribuído levando em consideração um mínimo de 30% para mulheres e a proporção racial, cabe aos caciques partidários decidir quem será contemplado. Nas eleições de 2018, por exemplo, observou-se que boa parte da parcela destinada às candidaturas femininas foi aplicada em esposas, filhas e netas de políticos tradicionais.”

Ainda segundo o economista, pessoas com fortes vínculos de parentesco ou amizade com líderes das siglas são privilegiados na repartição dos fundos eleitoral e partidário e tendem a se manter no poder.

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