Quociente eleitoral assegurou vaga de Jean Wyllys na Câmara Federal

Ex-BBB renova seu mandato “puxado” pela performance de Marcelo Freixo, que obteve mais de 340 mil votos pelo PSol-RJ

Carlos Estênio Brasilino
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Ao fim do primeiro turno das eleições nesse domingo (7/10), um boato invadiu as redes sociais, principalmente no Rio de Janeiro: o deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) não teria sido reeleito, para tristeza de uns e alegria de outros. A verdade é que foi por pouco, mas Wyllys está, embora em último lugar, entre os 46 deputados da bancada fluminense na Câmara dos Deputados, com 24.295 votos. Graças à performance de Marcelo Freixo (PSol-RJ), que obteve 342.491 votos, o ex-BBB assegurou novo mandato. Como isso aconteceu? O quociente eleitoral explica.

O próprio parlamentar foi ao Facebook agradecer pelos votos recebidos, a fim de abafar o boato (veja vídeo abaixo). Mas talvez o fato de ter perdido cerca de 120 mil votos, de 2014 para cá, tenha dado força ao rumor. Porém, como ocorreu em 2010, quando conseguiu apenas 13 mil votos, Jean Wyllys acabou favorecido pela “aritmética” eleitoral e pelo desempenho de “puxadores de voto”.

 

O cálculo para se definir o quociente eleitoral é simples: após a apuração dos votos, verifica-se quantos são os válidos (total menos brancos e nulos), então esse número é dividido pela quantidade de vagas disponíveis naquele domicílio eleitoral.

Depois, é preciso calcular o quociente partidário – a quantidade de cadeiras que aquele partido ou coligação conseguirá preencher nas câmaras ou assembleias. Para isso, divide-se a quantidade de votos válidos da sigla pelo quociente eleitoral.

No estado do Rio de Janeiro, foram 7.720.770 votos válidos, entre nominais e de legenda. A bancada fluminense na Câmara Federal dispõe de 46 cadeiras. Logo, dividindo-se os votos válidos pelas vagas, chega-se ao quociente eleitoral: 167.842.

Freixo obteve 342.491 votos. Somados aos 107.317 da segunda colocada do PSol, Talíria Petrone, e aos de toda a legenda, o partido conseguiu 628.336 votos válidos. Divididos pelo quociente eleitoral, o resultado é 3,74. Como a fração é superior a 0,5, o quociente partidário é arredondado para cima e fica em 4. Dessa forma, o PSol tem direito a quatro vagas na Câmara.

Cláusula de barreira
Mas, até aí, Jean Wyllys não teria conseguido entrar se seus votos não tivessem alcançado pelo menos 10% do quociente eleitoral, conforme uma nova cláusula de barreira partidária colocada em prática nesta eleição, para evitar que postulantes com votações inexpressivas consigam mandatos a reboque dos “puxadores de votos”.

Ou seja: Jean Wyllys, que ultrapassou os 10% da cláusula de barreira, teve sim seu mandato de deputado federal renovado nas urnas. Com uma pequena ajuda dos amigos, é bem verdade.

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