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Vídeo: Eduardo Leite pede desculpa a Gil por ofensas de vereador a baianos

O governador Eduardo Leite (PSDB) foi ao camarim do cantor Gilberto Gil para pedir desculpas pela xenofobia proferida por um vereador gaúcho

atualizado

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Reprodução/Redes sociais
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1 de 1 05_03_2023_12_06_34 - Foto: Reprodução/Redes sociais

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), foi ao camarim do Gilberto Gil para pedir desculpas, em nome dos gaúchos, pelas ofensas proferidas por um vereador do estado contra os baianos. Gil se apresentou em Porto Alegre na noite de sábado (4/3).

Após resgate de trabalhadores em situação análoga à escravidão em vinícolas do Rio Grande do Sul, o vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel (Patriota) criticou os trabalhadores baianos resgatados.

“O Rio Grande do Sul teve um episódio triste na semana passada, um vereador que falou dos baianos e tudo o mais. A gente lamenta muito isso, e como você é um representante muito mais da Bahia, do Brasil todo, mas a baianidade que você tem, vim aqui para, em seu nome, poder pedir desculpas por esse absurdo que ele falou. E destacar: não representa o povo gaúcho”, disse o governador a Gil, segundo vídeo postado pelas redes sociais (veja abaixo).

Em seguida, o governador abraçou o cantor e disse: “Viva a Bahia”. Gil agradeceu e respondeu que o abraço representou o Rio Grande do Sul inteiro.

Veja:

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Em sessão da Câmara dos Vereadores de Caixas do Sul na última terça-feira (28/2), Sandro Fantinel sugeriu aos agricultores que não contratem trabalhadores do Nordeste e a criação de “uma linha” para os argentinos.

“Todos os trabalhadores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palmas. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantém a casa limpa e no dia de ir embora, ainda agradecem o patrão. Agora com os baianos, que a única cultura que eles têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema”, disse o vereador.

Dias depois, na quinta-feira (2/3), o vereador gravou vídeo e chorou ao dizer estar “extremamente arrependido” por ter cometido xenofobia contra baianos.

Além do pedido de desculpas, Fantinel disse que a família está sofrendo ameaças e que a esposa pensa até em romper o casamento.

“Se as pessoas atacassem a mim, se eu pagasse pelos erros que eu cometi, a gente paga, porque quando a gente erra a gente tem que pagar. Mas o que tá acontecendo é que minha esposa chora noite e dia recebendo mensagens ofendendo ela com todos os piores nomes que vocês podem imaginar. Ela está pensando até em me deixar”, disse o político no vídeo.

Entenda

O escândalo que está afetando o setor vinícola gaúcho estourou no dia 23 de fevereiro, após algumas vítimas terem conseguido escapar do alojamento onde eram mantidas em condições desumanas e pedido socorro em um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Após a fuga, auditores fiscais do Ministério do Trabalho e servidores do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Defensoria Pública da União (DPU) resgataram 208 trabalhadores que foram contratados na Bahia por uma empresa terceirizada pelas vinícolas para ajudar na temporada de colheita de uvas.

Os trabalhadores sofriam ameaças e eram agredidos com choques elétricos e spray de pimenta quando reclamavam das condições de trabalho e do alojamento. Eles foram contratados pela Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA., mas prestavam serviços para as vinícolas Salton, Aurora e Garibaldi.

Na última semana, o dono da Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA., Pedro Augusto Oliveira de Santana, foi preso em flagrante por manter os trabalhadores em situação análoga à escravidão. Após pagamento de fiança, o homem foi solto e vai responder em liberdade.

As vinícolas repudiaram os fatos relatados pelos trabalhadores. Elas alegam ter exterminado o contrato com a empresa Fênix Prestação de Serviços e anunciaram mudanças na fiscalização para que o evento não se repita. Além disso, dizem estar colaborando com as autoridades para que o caso seja devidamente investigado.

Como denunciar trabalho análogo à escravidão

Denúncias de trabalho análogo à escravidão podem ser feitas de forma anônima no Sistema Ipê, do Ministério do Trabalho, em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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